Sobre Retweets: A Economia do Twitter


redeseguidores.jpgRecentemente, a danah boyd, o Scott Golder e o Gilad Lotan disponibilizaram um rascunho do artigo "Tweet, tweet, retweet" para comentários, analisando os aspectos conversacionais dos retweets. Para os autores, o retweet não é só um ato conversacional, mas uma forma de difundir informações e engajar-se na conversa, mesmo sem se estar efetivamente contribuindo para a mesma.

RTs são conversacionais?

Quando alguém retwita alguém, há uma menção ao autor do tweet original. De uma certa forma, essa referência poderia ser considerada conversacional. Mas será que o autor da referência sente-se parte da conversa? Será que ao fazer um RT estamos realmente adentrando uma conversação? De uma certa forma, parece-me que não, pois quase sempre as redes de seguidos e seguidores não são inteiramente coincidentes junto aos twitters. Talvez possamos considerar que os retweets são modos de iniciar um outro diálogo, junto à rede de seguidores que alguém tem. Mas tenho dúvidas que possamos considerar um RT como uma forma de entrar em uma grande conversa onde não há retorno e não há diálogo.

RTs são formas de difusão de informação?

Retweets são formas de difundir uma informação que alguém considera relevante. O crédito ao autor da mensagem é uma forma de angariar também um pouco de credibilidade para o que se publica. Ao retwitar alguém, dá-se um pouco de credibilidade à informação na rede do autor original e, ao mesmo tempo, recebe-se as benesses de trazer algo que seja considerado relevante para sua própria rede no Twitter. Assim, o RT não é só uma forma de difundir informações, mas de construí-las como informações relevantes.

RTs são focados em capital social?twitter.jpg

Do meu ponto de vista, sim. Parece-me que o retweet é uma prática que engloba um forte aspecto econômico. Ao dar-se RT a alguém, dá-se poder e valor àquele ator. Ao mesmo tempo, recebe-se poder e valor quando a rede social recebe a informação, pois somos considerados relevantes. Há, assim, uma prática econômica. Enquanto algumas vezes retwitamos amigos para dar-lhes visibilidade, outras vezes, escolhemos informações que consideramos que nossos seguidores ainda não têm. Outras vezes ainda, escolhemos meramente informações novas. E por fim, selecionamos também informações que estão em nosso espectro de interesse e que, acreditamos, também estarão naquele dos seguidores.

A Economia do Twitter

Assim, não estou totalmente convencida que os RTs tenham um forte componente conversacional. Ao contrário, parecem-me focados em outros aspectos, como a difusão de informações, o capital social e a estrutura das redes sociais. Há uma economia no Twitter, que reflete valores como seguidores, seguidos e retweets. E essa economia parece ser baseada em valores de troca como RTs, seguidores e referências (@s). É por causa dessa impressão que julgo o Twitter sempre com menor valor conversacional. Não que a conversação não exista, existe. Mas também é submetida aos valores de troca que estão sendo criados na ferramenta. Responde-se para ser citado. Cita-se para ser respondido. O valor é a visibilidade na rede. Retwita-se para receber credibilidade e relevância. Muitos retwittam para mostrar que foram citados. Queremos credibilidade e relevância para ter nossa própria audiência particular. Como eu disse, há muito tempo, em uma palestra: o Twitter parece ser a ferramenta mais semelhante ao broadcast que temos na Internet. Uma coisa é certa: o Twitter apresenta redes sociais em mutação, com apropriações cada vez mais semelhantes e, ao mesmo tempo, com idiossincrasias próprias.