Artigos sobre os #protestosBR


sul.pngDepois de um longo hiato, simplesmente por conta de trabalho demais, retorno aos poucos ao blog. Uma das razões pelas quais estive ausente foi um grande investimento de trabalho com o Marco Toledo Bastos e a Gabriela Zago no sentido de analisar os dados que coletamos durante os protestos de junho. E esses estudos já renderam alguns frutos, que estão, aos poucos, sendo publicados. Vou comentar rapidamente de três artigos aprovados, que já foram publicados/estão sendo publicados.

Esse artigo, que saiu em março na First Monday, traz um experimento com análise espacial, ou seja, com as informações geográficas dos tweets sobre os protestos e os protestos em si. Vejam que os protestos espalharam-se largamente pelo País, conforme todos sabemos. Entretanto, queríamos explorar essas relações a partir das informações de GPS, dos perfis dos usuários e da narrativa em si e especialmente, qual o papel de cada usuário na narrativa dos protestos a partir de sua localização geográfica. Entre os principais resultados, observamos que muitos usuários que falavam dos protestos usando as hashtags, digamos, "localizadas" (como #protestosp, por exemplo), não estavam realmente nas ruas, mas usavam essas tags como uma forma de "amarrar" seus tweets ao stream do protesto naquela localidade. Esses usuários atuam também como reverberadores das informações das ruas, ampliando o alcance do protesto. Outro elemento relevante foi que muito da narrativa dos protestos estava focada nos grandes centros urbanos, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, mesmo quando outras localidades também tinham protestos. Ou seja, mesmo com protestos em seu quintal, as pessoas amplificavam principalmente aqueles protestos que já tinham muita visibilidade, amplificando narrativas que nem sempre eram as da sua localidade. Tem mais detalhes no artigo (e dados).

Esse artigo foi aceito para ser apresentado na Compós de 2014. O objetivo foi explorar detalhadamente a questão dos "papéis" dos usuários na circulação e a difusão de informações dos protestos no Twitter. Explorando esses usuários, observamos três grandes papeis (ativistas, celebridades e imprensa), cada qual com uma função específica. No artigo, discutimos essas funções e seus impactos nos protestos. Observamos que aqueles usuários que produzem informações dependem daqueles que não estão no local para sua reverberação e amplificação da visibilidade. Assim, esses vários papéis vão atuando em diferentes estágios da produção e da difusão das informações, onde tanto ativistas (que atuam publicando várias informações sobre os eventos), celebridades (que dão visibilidade e amplificam os eventos) e imprensa (que realizam a cobertura e legitimam a narrativa) co-existem.

O Discurso dos #ProtestosBR: Análise de Conteúdo do Twitter
Esse terceiro está na fila para a publicação na Galáxia e deve sair apenas no segundo semestre (se você quiser uma cópia "rascunho" antes disso, envie um email). Esse artigo foca a questão do discurso dos protestos, buscando analisar quais temáticas e co-relações entre as temáticas foram mais frequentes em cada região brasileira, identificando atores, contextos e demandas. Entre os principais resultados, observamos o uso do Twitter para (1) narrar os protestos e (2) mobilizar outros usuários, mais do que para discutir e debater demandas e ações, (3) foco no ao vivo, ou seja, nas narrativas do "agora", (4) uso de hashtags "panfletárias", ou seja, mobilizadoras e interconexões fortes entre algumas regiões brasileiras. Também foi importante observar que os principais atores são os manifestantes em si, ou seja, na maior parte dos discursos, encontramos pouquíssimas demandas.

Há mais coisa por aí. Assim que tiver notícias desses, disponibilizarei por aqui.