[23 de maio de 2011]

Jornalismo Digital, Redes Sociais e Informação

teclado.jpgNo post anterior comentei um pouco mais a respeito das redes sociais e seu papel na difusão de informações. Então, na sociedade da informação (que não necessariamente é a sociedade do conhecimento, uma vez que mais informação não é igual a mais conhecimento), qual é o papel do jornalismo?

Costumo dizer em sala de aula que o jornalista é aquele que organiza a informação, que tem uma relação íntima com crítica, relevância e desenho do espaço social. As redes sociais na Internet informam, trazem práticas emergentes de difusão de informação, mas são diferentes do jornalismo. Enquanto as redes sociais vão trabalhar coletivamente em torno de informações que são relevantes para determinados sujeitos e vão difundir informações que são fruto de intrincados jogos sociais de competição, cooperação em torno na disputa pelo capital social, o jornalismo é aquele que tem o foco na sociedade e no que deveria ser relevante para seus membros. Por exemplo, unicamente em termos de difusão de informações, a maior parte das informações mais retuitadas no Twitter são informações referentes a piadas e elementos de humor. Raramente uma notícia, por exemplo, ganha destaque entre essas infos.

O foco do jornalismo digital hoje, já defendi várias vezes é, justamente, o papel de hierarquizar e organizar as informações relevantes para uma determinada sociedade. Entretanto,os filtros nas redes sociais, entretanto, ao contrário do jornalismo, não têm nenhum tipo de compromisso social pela credibilidade. O que significa que o papel do jornalismo, mais do que simplesmente retuitar coisas, é dar visibilidade para informações que nem sempre estão relevantes nesses espaços. As redes sociais não fazem jornalismo, elas apoiam a difusão de informações. Elas podem sim, noticiar e trazer visiilidade para assuntos que são relevantes (como a discussão do livro didático "errado" que acompanhamos recentemente), mas fazer jornalismo é mais que isso. É um compromisso com uma sociedade. E as redes sociais não necessariamente difundem informações que seriam relevantes para essa sociedade, pois suas motivações não são as mesmas do jornalismo.
por raquel (08:28) [comentar este post]


Comentários

Maria Fernanda Lacerda Pereira (maio 26, 2011 8:30 AM) disse:

Ótima visão! O coletivo não-jornalista não está precupado com a difusão de contextos sociais, políticos e econômicos relevantes. Justamente por ser um todo que visualiza notícias como individuais.

abraços!

Inaê Castro (maio 26, 2011 11:09 AM) disse:

Bom dia Raquel!
Gosto muito de seus posts e li seu livro sobre Redes Sociais.

Estou desenvolvendo uma monografia para o curso de Administração na Unimep(piracicaba-SP)

Gostaria de saber se você teria um material para me enviar e me ajudar no levantamento teórico sobre as redes sociais, suas funçoes curiosidades etc!

agradeço antecipadamente,

Inaê.

Luciana Maryllac (junho 1, 2011 1:43 PM) disse:

Oi Raquel, tudo bem? Estive com vc no começo de abril aí em POA naquele evento sobre Jor Digital organizado pela Adriana. Trago comigo bons frutos desse evento! Foi excelente!

Este post é de grande relevância para nossa profissão. Sinto que as pessoas se perdem no que se refere a jornalismo. Não diferem entre informação e conhecimento. Produzir conteúdo não é tudo, é necessário elevar o índice de qualidade de um tema/fato/assunto com fontes seguras, credibilidade, apurar realmente e não simplesmente ''fofocar'' online. Para mim, muitas vezes, Twitter e FB são fontes de fofoca: todo mundo fala fala fala, mas mais da metdade nem sabe o que tá falando nem para quem está falando. Sendo assim, é um absurdo acharem que qualquer um pode fazer o trabalho de um jornalista.
A internet aproxima e afasta pessoas e argumentos. As instituições educacionais devem se preocupar mais em formar o senso de ''filtro'' nos jovens, para que saibam distinguir, no mínimo, informação de conhecimento!!
É sempre bom espiar aqui!
Se vier para SP dá sinal de fumaça =)
[]s

Comente este post