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março 18, 2004

Infância é destino

Quais os pré-requisitos para uma pessoa realizar uma grande contribuição para o mundo? O que as pessoas que já realizaram algo e que são hoje mundialmente conhecidas têm em comum? Eu vos digo: epifania na infância e um bom nome.

Vamos começar pelo nome. Digamos que um tal de "Godofredo Macieira" escreve um artigo dizendo que tempo e espaço estão conectados, que um grão de matéria tem energia pra explodir um barraco e que não adianta tentar, nada anda mais rápido que a luz. Agora visualize o mesmo artigo mas com "Albert Einstein" como autor. É um nome que se encaixa na teoria, afinal você não espera que um Godofredo descubra algo de grande. Outra: você consegue imaginar um Teorema de Macieira? Agora tente Teorema de Fermat. Sonoro. Bonito.

Está certo, estou sendo tendencioso, já que Einstein e Fermat já são reconhecidos e, portanto, seus nomes soam bem. Mas tente com qualquer outro nome. "Teorema de Araújo". Não dá. "Teorema de Wedggestein". Muito melhor. E nem precisa existir tal sobrenome, como provavelmente é o caso. Minha teoria é que os nomes hoje não soam bem por que eles se tornaram famosos, mas sim o contrário.

Mas se bastasse um bom nome haveria muito mais gente famosa por aí. E muita fila para trocar de nome, até o ponto que só existiria gente famosa no mundo e teríamos desvendado todos segredos do Universo. Outro requisito se faz necessário, que não depende de vontade própria: epifania na infância.

A maioria dos grandes livros de divulgação científica sobre grandes teorias tem um prólogo que começa descrevendo alguma coisa na infância do autor que faz com que todo o resto da sua vida tenha sido só conseqüência daquele instante fatídico. Exemplo: "com 10 anos eu olhava para as estrelas me perguntando o que havia lá, até que olhei para o espaço entre as estrelas e me dei conta que o vazio parece muito mais intrigante!". Esse é, aproximadamente, o início de um livro do físico Michell Resnick, ums dos precursores da ciência da complexidade e emergência. Assim como ele, boa parte dos livros que tenho lido apresentam uma história semelhante envolvendo infância e um momento de inspiração divina.

Livros de divulgação científica são mais comuns hoje do que eram antigamente, quando os livros eram estritamente científicos. Se fossem comuns na época de Einstein, tenho certeza que ele começaria um assim: "com 8 anos meu pai me jogou um chocolate, mas eu não consegui pegá-lo e meu cachorro, Photon, o comeu. Nesse momento eu queria ter podido me mover mais rápido, mas o quão rápido eu poderia me mover? Essa pergunta me intrigou bla bla e=mc² bla...".

Os poucos livros que não começam assim possuem um autor com um nome e sobrenome muito bons. Veja bem, não estou dizendo que você, Zé Mané, cuja maior epifania foi descobrir como equilibrar uma colher no nariz, não vai conseguir descobrir nada de importante. Até pode ser que consiga, mesmo com a colher no nariz. Mas a História fará questão de ignorá-lo até que alguém com um nome imponente e uma infância cheia de epifanias descubra exatamente a mesma coisa para, então, trazer a descoberta à tona. Nem uma citação a "MANÉ, Zé..." dá para imaginar no livro do autor-com-bom-nome.

É por isso que vou adotar meu nome do meio nos meus artigos e já tenho uma bela história de epifania pronta para quem perguntar. Um épico. Envolve estrelas, formigas, elefantes dançarinos e uma tia assustada. Para saber mais, só comprando o livro.

12 comentarios

Elefantes dançarinos ahuahauhauahuahaua!

hahahahahahahahaha
Teorema de Recuero soa muito bem para os meus ouvidos.

"Aplicando grafos palazzianos ao problema, tem-se que bla bla bla...". Fica ótimo :)

aaaaaah conta conta conta coooonta

conta? =]

Hmmmmmm... "segundo a Teoria de Aquino..." gostei! gostei! :P

Agora fiquei me perguntando sobre a sonoridade de meu nome.... Será que eu tenho futuro. De fato a sua Teoria Ricardiana sobre nomes faz sentido...

1) Eu SEMPRE achei que tu deverias adotar teu nome do meio, nos artigos. Matsumura soa muito bem, faz até tu pareceres importante.
2) Eu tinha epifanias na infância. E minha mãe sempre disse que eu nasci pra ser grande e fazer algo importante pelo mundo. Fiquem de olho em mim pelos próximos 15 anos ;)

drogas na infância... tsc tsc
=)

yeyyy! e eu vou poder dizer que sou irmã do cara que desenvolveu a teoria de Matsumura ou algo assim, que usava drogas na infância? é isso?!

A Dieta Matsumura.
A Dieta Araújo.
hmmmm

Quando escreveste isto ainda não tinham acontecido Marcos Valério, nem Delúbio, nem Freud Godói. As revistas eo Jornal Nacional resolveram denunciá-los porque os nomes dariam audiência. Al Capone é bom nome para gangster? E Adolf Hitler? Já Pope John Paul, the First, sempre me pareceu sumamente brega. Mas deu certo, não deu? Tanto que o Karol resolveu mandar de Pope John Paul, the Second. Alceu Amoroso Lima não te parece um bom nome para jornalista, cronista, crítico literário e ativista cristão? Mas, então, por que ele trocou para "Tristão de Athayde"? E o melhor de todos: Lula. Paz e Amor. Bem, por que não Presidente Silva?

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Esta página contiene una sola entrada realizada por ricardo y publicada el março 18, 2004 7:52 PM.

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