Archivos julho 2005

julho 28, 2005

Windows Vista

Com a versão Beta do Windows Vista a Microsoft começa a campanha para o lançamento da nova versão do Windows. Este deverá ser um salto menor do que o do WinMe para o WinXP e certamente muito menor do que do Win3.11 para Win95, mas ainda assim estou impaciente para colocar minhas mãos na versão final.

Apesar de estarem alardeando progressos em termos de desempenho, com tempos de boot reduzidos e maior velocidade na carga de programas (principalmente devido a otimizações no gerenciamento de memória), o que estou com maiores expectativas são as Pastas Virtuais. Se funcionarem como no Opera M2 e Gmail, pastas virtuais serão pastas dinâmicas criadas com ponteiros para arquivos. Na prática, são pastas que mostram resultados de buscas, sem conter os arquivos ali mostrados fisicamente. Com isso, é possível mostrar o mesmo arquivo dentro de várias pastas virtuais sem com isso criar múltiplas cópias físicas, o que gastaria espaço no HD. Perfeito para organizar fotos e músicas.

Apesar de ser uma heresia no meio geek, eu gosto do Windows. Acho um produto fabuloso. O problema de engenharia que é criar um Sistema Operacional como esse é algo fantástico. E nem é justo comparar com MacOS e Linux, esses tiveram a chance de começar do zero sem nunca se preocupar em suportar hardware e software obsoletos. Mesmo o MacOS X não tem suporte algum para seus antecessores, enquanto o WinXP roda programas do Windows 3.0! Isso aliado a necessidade da MS de suportar virtualmente cada peça de hardware existente no mercado (eles não tem o luxo de ter hardware padrão nem lançar o SO sem suporte a boa parte dos equipamentos), acho admirável o trabalho que fazem.

Dito isso, estou sim ansioso pelo Vista. Não será revolucionário, mas certamente será um progresso sobre o XP. E quem sabe o Internet Explorer 7 não se torna usável?

julho 26, 2005

Causalidade

Em matéria na Folha: açúcar pode ajudar a emagrecer. Cientistas notaram uma correlação entre pessoas magras e o hábito de tomar café com açúcar. Os pesquisadores concluíram que o açúcar, portanto, pode ajudar no emagrecimento e criaram a hipótese de que o açúcar reduz o apetite.

O problema desses tipos de pesquisa é que os pesquisadores são muito rápidos em deduzir causalidade. Um dos conceitos fundamentais da teoria da causalidade (vide Causality, de Judea Pearl) é que de uma correlação simples (tipo, quanto mais açúcar mais magro) não implica causalidade e muito menos a direção da causalidade.

Uma hipótese igualmente boa é que pessoas obesas se preocupam com o peso e não botam açúcar no café, enquanto pessoas magras colocam. Isto é, a seta da causa é invertida. Ou pode ser que não haja causalidade alguma, ambos os eventos sejam efeitos de, por exemplo, um mesmo gene que controla o peso e a vontade por açúcar.

Esse tipo de discussão ganhou breve fama devido às companhias de cigarro, que se debatiam para desacreditar a hipótese de que fumo causa câncer. O argumento é que uma hipótese igualmente boa é exatamente um gene comum que gera câncer e, ao mesmo tempo, uma vontade de fumar. Essa hipótese geraria os mesmos dados correlacionados entre fumo e câncer, mas sem a causalidade. É claro que tal hipótese exige que a taxa de câncer se mantenha constante quando o número de fumantes diminui o que, acredito, não aconteceu.

Só espero que os pesquisadores da relação gordos e açúcar tenham tomado cuidados e feito testes adicionais para determinar a causalidade (há diversas técnicas para isso). Mas aí só vendo o trabalho completo.

Em tempo: a tal pesquisa só foi feita com homens. Não se sabe se vale para mulheres também.

P.S. coisa semelhante acontece com analistas de mercado, que tiram causalidades do ar. Exemplo recente é a insistência de assumir que as subidas e descidas do dólar são causadas pela situação política. Se o dólar sobe, é devido à instabilidade política. No dia seguinte, o dólar desce e então é "apesar da instabilidade política". Não parece sequer haver correlação, quanto mais causalidade. "Situação política" é a virose dos economistas, uma explicação padrão para quando não se tem a menor idéia do que acontece.

julho 25, 2005

Big Brother is predicting you

Em Numb3rs, um físico diz ao matemático que não se pode tentar encaixar a natureza humana em equações elegantes. Com isto, o personagem queria dizer que pessoas não são previsíveis, é inútil tentar encaixar algo que exige tanta exatidão, como a matemática, em comportamentos caóticos dos humanos.

No entanto, a experiência têm mostrado que nem sempre é assim.

Em um experimento no MIT, informações sobre o comportamento de diversos estudantes-cobaias têm sido analisadas e utilizadas para prever o que essas pessoas farão. O projeto chama-se Reality Mining e utiliza celulares especiais para registrar onde as pessoas andam e o que fazem durante o dia. Os algoritmos empregados têm tido sucesso na faixa de 85% das vezes. O pesquisador responsável deseja levar isso ao ambiente corporativo, de modo que se possa quantificar o nível de produtividade e procrastinação.

em Nova York, a polícia têm utilizado estatísticas de crimes para prever onde ocorrerão os próximos delitos. Com isso, já conseguiram impedir pelo menos um roubo. É o Minority Report sem os paranormais.

P.S. acabo de assistir a apresentação de um artigo no ENIA, exatamente sobre a modelagem e predição de crimes por software. A idéia do apresentador não era prever os crimes, mas sim ensinar policiais como se comporta a dinâmica da criminalidade, permitindo que eles tomem decisões mais bem informadas. Aparentemente esse é um hot topic, e muito bem vindo.

julho 23, 2005

Kung-fusão

Apesar do título que grita para que não assistam o filme, fui ver Kung-fusão (Kung-fu Hustle). É uma comédia chinesa sobre kung-fu ou coisa parecida. O enredo gira em torno de uma pacata aldeia no meio de uma Shanghai dos anos 30, a única parte da cidade que não é dominada por gangsters. Lembrou algo? A aldeia só não é gaulesa. Os moradores da aldeira são envolvidos na briga dos gangsters por um golpista que tenta tirar dinheiro dos cidadãos. Descobre-se, então, que a aldeia tem mestres do kung-fu vivendo como pessoas comuns.

A partir daí é coreografia atrás de coreografia, efeitos especiais abundantes, muita computação gráfica (tosca em muitos casos) e uma tênue história triste por trás. Exceto pelo final, o filme pode ser resumido como "gente feia lutando kung-fu".

Com tudo isso, só não sei como o filme não é ruim. A coreografia é boa, muito boa às vezes. As idéias do kung-fu são todas levadas ao extremo, tudo se parece mais com um anime do que com um filme. A tal história triste não é das piores e os personagens são, de um modo peculiar, cativantes. Há diálogos interessantes e pequenas referências espalhadas mas dificilmente será um filme para rir, a comédia está mais na tosquice do que em diálogos ou enredo. Eu não sei por que gostei, na verdade. Mas é divertido.

Como são dois filmes que gostei em uma semana (eu gostei da Fábrica de Chocolate), devo é estar doente.

P.S. antes do filme resolveram (no Arteplex) colocar um curta brasileiro de 12 minutos. Como se não bastassem as toneladas de propagandas que já nos forçam a assistir, agora tentam empurrar o cinema brasileiro goela abaixo.

julho 22, 2005

A Fantástica Fábrica de Chocolate

Sobre A Fantástica Fábrica de Chocolate: direção excelente do Tim Burton com toques de non-sense que salvariam o filme mesmo se fosse um desastre. Mas não é um desastre, é em geral bem divertido e poderia-se chamar "Wonka Begins" devido a quantidade de flashbacks. Porém também poderia-se chamar "MTV's Chocolate Factory", já que muito da parte musical parece que é um revival produzido pela MTV. Mas o bom, bom mesmo, como praticamente todo filme do Tim Burton, é o visual. Eu sei, é mais ou menos sempre igual, mas ainda não cansou.

Minto. Bom, mas bom mesmo, é ver centenas de Arnaldo César Coelho na fábrica, dançando e cantando. Ou só eu notei a semelhança?

julho 13, 2005

ICQ versus MSN

icq_vs_msn.png
De um ano para cá o MSN Messenger, cliente de comunicação instantânea da Microsoft, tem ganho um espaço gigantesco sobre o ICQ. Cerca de 15% da minha lista de contatos do ICQ já migraram para o MSN ou estão usando ambos.

Quando questiono por que mudaram, duas respostas são freqüentes: "todo mundo está mudando" e "é o que usam aqui no trabalho". Naturalmente, as duas respostas estão correlacionadas, mas o que tem feito "todo mundo" resolver largar o ICQ e passar para o MSN?

Tenho duas teses. A primeira, a mais simples, é que mais pessoas estão usando o Windows XP, que traz o MSN pré-instalado. A segunda, mais divertida e elaborada, é que alguns hubs sociais mudaram para MSN por algum motivo e isso forçou todos ligados a estes a mudarem, criando um efeito em cascata que tem lentamente se propagado pela internet. O mais provável é que seja uma mistura das duas explicações: alguns hubs passaram a usar o MSN por que já vinha instalado no Windows XP.

Faz sentido: se alguém leigo a recém instalou um computador, não vai saber baixar e instalar o ICQ. No entanto, os amigos desse alguém irão querer falar com ele e mesmo já tendo ICQ será mais fácil instalar um MSN do que explicar para o outro como se instala alguma coisa diferente.

O grande defeito do MSN são três: impossibilidade de enviar uma mensagens para contatos off-line, visual muito poluído e jogos horrorosos. Os jogos do ICQ são muito divertidos (Slide-a-lama e Warsheep, principalmente). No entanto, o MSN é um cliente de mensagens mais interessante: ele permite que emoticons sejam distribuídos de forma transparente, permite mostrar imagens diretamente dentro de caixas de mensagens e possui pequenas coisas que o tornam simpático (como mostrar a música que se está ouvindo ao lado do nick, a possibilidade de se mandar desenhos feitos na hora e poder mostrar fotos das pessoas direto na lista de contatos).

O MSN tem a vantagem também de não ter propagandas nas caixas de mensagens. Na verdade, toda publicidade é utilizada de modo diferente, principalmente na forma de "tabs", que são mini-sites de anunciantes integrados ao cliente. Atualmente há uma tab para a Claro e o Mercado Livre. O espaço que se salva em não se ter banners, porém, se perde em poluição visual: barras gigantes, quebra de linha entre nick e a mensagem e informações redundantes.

No geral, o MSN tem uma larga vantagem em termos de usabilidade e simpaticidade. Ele também utiliza menos recursos: 5MB contra 10MB do ICQ no uso de memória. Mas me incomoda muito não poder enviar mensagens para contatos off-line e esse talvez seja um incômodo que não será facilmente superado. Por hora, fico com os dois.

julho 12, 2005

The Blank Slate - Fim

Terminei finalmente de ler The Blank Slate. Leitura altamente recomendável e que facilmente entra na minha lista de livros obrigatórios para compreender seres humanos.

É o típico livro que faz rever conceitos em diversos assuntos polêmicos. Um dos últimos capítulos, por exemplo, trata do quanto os pais influenciam a personalidade de uma criança. A resposta de Pinker, baseada em diversos estudos e contrariando a crença popular, é um estrondoso "praticamente nada". Gêmeos idênticos que crescem em lares distintos são, quando adultos, impressionantemente similares. Crianças adotadas, que crescem no mesmo lar, são tão diferentes quanto quaisquer pessoas pegas ao acaso. Os pais têm influência apenas muito indireta no que as crianças se tornarão, escolhendo o ambiente onde ela crescerá e, claro, mantendo-a viva e saudável. O resto a genética e a experiência pessoal se encarregam de moldar.

Outros capítulos muito interessantes são os ataques ao Marxismo ("ótima teoria, espécie errada") e ao modernismo e pós-modernismo nas artes. Pinker mostra que o que concebemos como natureza humana permeia praticamente tudo nas ciências sociais e humanas, principalmente na política, e mostra que ao aceitarmos que não somos tábulas rasas e muito menos nobre selvagens damos um longo salto em direção a uma melhor compreensão das aflições humanas.

julho 7, 2005

Opera e BitTorrent

O Opera Browser deverá ter cliente de BitTorrent integrado em breve. Já saiu uma versão "Technical Preview".

Se eles conseguirem manter o tamanho total do download e dos recursos utilizados intactos, acho excelente. Mas é certo que a agregação de funções ao Opera uma hora chegará a um limite e será necessário ter que trocar uso de recursos por funcionalidade.

De qualquer forma, é mais um indício que o BitTorrent deverá dominar a forma de download na internet em um futuro próximo.

julho 5, 2005

A notícia do ano

A notícia do ano parece ter saído diretamente de um livro do Douglas Adams: "Astróloga processa Nasa por choque entre projétil e cometa". Da Folha:

Uma astróloga russa está processando a Nasa em Moscou por ter alterado seus mapas astrais ao fazer com que a Deep Impact colidisse com o cometa Tempel 1. Segundo a imprensa local, ela está pedindo ressarcimento por perdas no valor de US$ 300 milhões.

Por que parar aí? Astrólogos podem processar qualquer astrônomo que descubra qualquer astro celeste novo ou corrija rotas dos existentes. Mais ainda, podemos todos processar a NASA, afinal se nossas vidas são regidas por astros, eles estão diretamente modificando o futuro de cada um de nós. Temo que não eu tenha ganho a mega-sena devido a mudança da rota do cometa.

O pior é que a resposta da NASA foi informar que a rota não foi alterada. A única resposta aproriada deveria ser uma gargalhada daquelas de rolar no chão. E não quero nem pensar no tipo de manchete que podemos esperar se isso abrir precedentes...

julho 4, 2005

War of the Worlds

Não há inteligência fora da Terra, definitivamente. Ou é sempre a raça mais abobada que tenta nos conquistar. E se você não viu o filme, não vá adiante neste post. O Manhattan Connection já havia feito o favor de estragar me contando o final de Guerra dos Mundos, mas você tem a escolha de parar aqui e não saber até assistir.

Como podem alienígenas que planejaram um ataque à Terra por milhares de anos e possuem tecnologia avançadíssima, não terem se dado conta de noções básicas de biologia? Provavelmente é o mesmo motivo pelo qual os alienígenas de Sinais, alérgicos à água, resolveram conquistar um planeta composto primariamente desse líquido.

Inteligentes eram os de Independence Day. Pois enquanto os outros esqueceram de água e bactérias, os de Independence Day apenas não levaram em conta um piloto bêbado que, convenhamos, é algo difícil de prever mesmo nas melhores invasões.

O filme só não é mais decepcionante por que os efeitos especiais salvam tudo.

julho 3, 2005

Primer e Numb3rs

Antes que o Érico destrua o filme: Primer é muito interessante. E não é um eufemismo. É bom ver um filme de ficção científica que não tenha um, nem mesmo um, efeito especial. E que não perca tempo dizendo que as coisas acontecem por que uma subpartícula fez o espaço-tempo se curvar sobre um universo paralelo. Só isso vale o filme.

O único problema é que não se entende o filme. A partir de um certo momento as coisas começam a ficar cada vez mais confusas e, parte do porquê o filme é bom, nenhuma explicação é oferecida no final. A confusão é o que serve para manter a atenção no enredo, quase se sente o cérebro lutando para tentar achar sentido no que acontece.

Bom filme.

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Curiosamente, Numb3rs vai passar no Telecine, canal de filmes da Globosat. Numb3rs é a uma série onde crimes são desvendados, à la CSI, com a ajuda de um matemático. A série é boa, mas é estranho por ser a primeira série a passar no Telecine. A Veja dessa semana tem uma matéria sobre o último episódio da temporada de CSI ser dirigido por Tarantino, concluindo que é um sinal que a TV está alcançando o cinema em qualidade e ultrapassando em originalidade. Creio que Numb3rs passar no Telecine faz parte da nova ordem das coisas.

julho 2, 2005

Calvin e Hobbes 2

Terminei de ler cerca de 3000 tirinhas do Calvins e Hobbes/Haroldo. É um crescendo de coisas legais. O mais impressionante é que, ao contrário de várias outras tiras, Watterson parece já ter definido como são os personagens desde a primeira tira publicada. Ainda que os desenhos melhores consideravelmente com o tempo, a definição das personalidades permanece mais ou menos intacta. A constância da qualidade é também admirável, raras são as tiras que o autor demonstra exaustão mental e apela para coisas bem conhecidas e testadas de humor.

É impressionante como o autor consegue alternar entre uma consciência infantil de Calvin e maturidade excessiva sem que a essência se perca. Nos dois momentos é o mesmo Calvin e o leitor reconhece isso. Hobbes também tem dois extremos de personalidade que se mesclam, mas de uma forma mais homogênea.

Agora é esperar lançarem a coletânea completa por um preço mais razoável e reler tudo de novo.

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