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junho 22, 2004

Um mês com o Opera

Há pouco fez um mês que uso exclusivamente o Opera para navegar e seu cliente de e-mail integrado, o M2, para organizar meus e-mails. O navegador do Opera resolvi utilizar de tabela, já que eu estava decidido e seduzido pelo M2 e seu conceito de organização. E a decisão por utilizar o M2 veio de três fatores: (1) Outlook Express, meu antigo cliente, estava ficando velho, (2) Não gosto do Eudora e (3) Não gostei do Thunderbird e suas múltiplas caixas de entrada.

Passado um mês, já é possível fazer uma análise do que funciona e do que não dá para suportar no Opera e M2. É o que pretendo neste mini-review.

Antes, definições. Onde houver "M2" estou me referindo ao cliente de e-mail do Opera e onde houver "Opera" é o navegador. Apenas estes dois são mencionados aqui, mas o pacote do Opera conta com um cliente de IRC e um pequeno gerenciador de notas.

M2 - the good
O que chama a atenção no M2 é seu sistema de organização de e-mails. Não há pastas ou caixas onde os e-mails ficam armazenados, todos ficam em uma única grande caixa de entrada. A partir daí, é possível criar filtros que funcionam como pastas, permitindo a visualização só de algumas mensagens selecionadas. Uma mesma mensagem pode aparecer em mais de um filtro, sem haver duplicação do e-mail e perda de espaço e, quando se apaga o e-mail em qualquer filtro, o e-mail é apagado também dos outros, facilitando muito a organização. De início parece idiota ter duplicação dos e-mails, mas com o tempo acaba-se cada vez mais usando tal função. Com filtros, pode-se efetivamente organizar os e-mails da maneira que se desejar.

O sistema de filtros permite introduzir um sistema de busca em mensagens muito interessante. Ao realizar uma busca por palavras-chaves, o M2 cria um filtro com a busca. Na prática, isso significa uma nova pasta onde apenas e-mails com aquelas palavras-chaves aparecem. O resultado fica armazenado, permitindo consultas posteriores a qualquer momento. Também devido aos filtros, é permitido colocar marcas nos e-mails. Por exemplo, há a marca "Funny". Posteriormente, é possível listar todos e-mails marcados como "Funny". No total há sete tipos de marcas possíveis, mas não é possível criar uma marca nova.

Automaticamente, o M2 organiza filtros listando e-mails de pessoas cadastradas na lista de endereços, permitindo visualizar facilmente todos os e-mails de uma determinada pessoa. Também é automática a organização de listas de discussão: o M2 detecta quando um e-mail é uma lista de discussão e cria um filtro para a lista. Esta função exige que o servidor da lista inclua um cabeçalho especial nas mensagens, que deveria já ser padrão, mas nem todas listas incluem.

Diferente do Outlook Express, o M2 checa diversas contas de e-mail simultâneamente. Também conta com um filtro de spam que, como no Thunderbird e Eudora, é treinável. Isto é, o filtro aprende conforme o usuário classifica suas mensagens como sendo ou não spam. Até o momento, o filtro tem tido uma eficácia próxima de 90%, mas muito do meu spam é barrado no servidor diretamente.

O sistema de filtro com certeza é a grande estrela do M2. É tão bom que o Google adotou este sistema no seu Gmail. Apesar de demorar um pouco para pegar o jeito e aproveitar todas funcionalidades possíveis, é com certeza uma mudança que vale a pena. Mas nem tudo são flores, como veremos...

M2 - the bad
Há algumas pequenas incomodações no M2. A primeira é que, se ocorrer um erro ao chegar um e-mail, ele tem que abrir uma janela informando o erro e essa janela exige a atenção do usuário, tanto no M2 quanto no Opera. Quando se está checando e-mails em 5 ou 6 servidores diferentes, é muito comum algum não responder e a janela pode incomodar um pouco. Eu preferiria que ele indicasse mais discretamente e me deixasse decidir quando vou tratar o problema.

A segunda maior incomodação é a impossibilidade de forçar a criação de uma lista de discussão. Como o M2 cria filtros especiais para as listas de discussão que se identificam como tal, seria bom ter uma opção de ensiná-lo que determinados e-mails, mesmo não se identificando como lista, são efetivamente listas. O resultado é que acaba-se tendo algumas listas em um lugar e outras em outro. Não chega a ser um problema, mas tira um pouco da elegância. Há coisas piores...

M2 - the ugly
Há coisas insuportáveis no M2, sendo que a primeira é a incapacidade do programa de NÃO me avisar quando chegam spams no e-mail. O M2 abre uma pequena janela no canto da tela indicando quando novos e-mails chegam, mas a janela aparece mesmo quando há apenas novos spams, naturalmente me fazendo perder tempo indo lá apenas para verificar que não há nada realmente novo para ver. Esta é definitivamente a coisa mais irritante no M2.

Também irritante é a impossibilidade de se definir outro navegador padrão que não o Opera, apesar do Opera permitir utilizar outro cliente de e-mail que não o M2. Assim, todos links em e-mails abrem uma janela do Opera como navegador. Esta talvez seja uma das coisas que faria alguém nem tentar o M2 a menos que realmente goste do Opera. É uma venda casada arriscada. Mas já vi alguns comentários nos fóruns de que isso é contornável por meios não-oficiais. Nunca tentei, porém, e preferi tentar me adaptar ao Opera. O que nos leva ao próximo assunto.

Opera - the good
O navegador do Opera é o que se espera de qualquer navegador, mas é diferente. Algumas coisas se destacam, porém. Para começar, ele é o que chamam de navegador MDI, o que quer dizer que todas janelas ficam dentro da janela principal. Na prática, o funcionamento é semelhante ao do Mozilla/Firefox com suas tabs. Porém, não há distinção entre janelas e tabs, de modo que se algum site solicitar a abertura de uma janela ele vai abrir uma tab. Isso funciona bem, exceto em caixas de comentário de blogs, onde usualmente seria melhor abrir uma nova janela. É estranho ter uma tab que não é maximizada no browser. Mas este sistema tem grandes vantagens, sendo a principal a memória de sites. Quando se fecha o Opera, ele armazena quais sites estavam abertos e as posições das janelas. Ao abrir novamente, tudo está como havia sido deixado. Isto também é verdade quando alguma coisa faz o Opera se fechar (dar pau), ao retornar é como se nada houvesse acontecido. O sistema MDI poderia ser um ponto fraco do Opera, mas depois que se configura para abrir as janelas nos lugares certos a navegação se torna intuitiva.

A segunda coisa que chama a atenção é o zoom. É possível dar zoom nas páginas, mas não somente aumentando as fontes como é o caso do IE ou Mozilla, mas o site como um todo é aumentado mantendo as proporções. Também é possível reduzir o zoom, permitindo visualizar o site por inteiro, excelente para designers.

Também bastante útil são os botões de "fast forward" e "rewind". Funcionam de forma semelhante aos botões de avanço e retrocesso nos browsers comuns, mas operam sobre domínios. Assim, ao clicar em "rewind" volta-se não para a última página visitada mas para a última página do domínio anterior visitado. Se pensarmos que páginas dentro de um domínio formam um livro, então esses botões permitem navegar entre livros diretamente sem ter que folhear todas páginas do livro atual.

Algo que potencialmente é útil mas até agora não usei é um sistema de listagem de links. Há um "sidebar" que mostra todos os links contidos no site que se está visualizando, permitindo uma navegação rápida. É uma espécie de "mapa do site" dinâmico, inclusive permitindo que se faça uma busca por palavras-chaves nos links listados.

A barra de status é bastante inteligente, ela informa realmente o status de carregamento de um site, indicando o tamanho total, número de imagens e objetos e porcentagem do total já carregado.

Customização de interface é algo que os desenvolvedores prestaram bastante atenção. É possível mover botões, modificar menus e realizar diversas outras mudanças na interface que eram antes, senão difíceis, impossíveis em outros browsers. Há temas prontos para deixar o navegador com a cara de outros navegadores, o que facilita a transição.

E, por fim, o Opera leva adiante o sistema de preenchimento automático de username e senha em sites. Um botão na barra de navegação permite rapidamente escolher, se houver mais de um usuário, qual deve ser preenchido no momento.

Opera - the bad
Naturalmente, há pequenos problemas que incomodam. Há um gerenciador de downloads integrado, que funciona muito bem, mas cada vez que se manda realizar o download o gerenciador se abre em tela cheia, o que é desnecessário. Quando se está interessado em fazer múltiplos downloads de um mesmo site isso incomoda bastante. Porém, é possível, posteriormente, verificar o andamento dos downloads em um prático sidebar, uma solução mais elegante que manter uma janela com o gerenciador.

Os plugins também não são sempre facilmente instaláveis. Como os demais browsers, o Opera detecta que um plugin está faltando e pergunta se quer instalar. Ao instalar o Quicktime e o Shockwave tive que manualmente copiar as DLL para o diretório de plugins, o Opera simplesmente não instalou nada apesar de ter realizado o download. Em parte o problema pode ser dos fabricantes dos plugins, mas de qualquer forma, para o usuário final, é um problema assim mesmo. Outros plugins se instalaram sem problemas.

Apesar do excelente sistema de preenchimento de senhas, não há nada parecido para preencher formulários genéricos. Não há, simplesmente, um sistema de auto-completar. Exceto na barra de endereços, que funciona como nos demais browsers. É um problema pequeno, mas para quem já estava acostumado com essa função pode fazer falta.

Opera - the ugly
Talvez o maior problema do Opera é não permitir extensões. O ponto forte do Firefox, de longe, é permitir que qualquer um crie uma nova funcionalidade para o browser. Não ter isso é um problema grave, mas é consequencia de um problema maior. O ciclo de desenvolvimento do Opera não é bem integrado com os usuários. Nos fóruns, é constante pedidos de funcionalidades e correção de bugs e a resposta dos desenvolvedores geralmente é lacônica: "O Opera não faz isso" e "Realmente isso não funciona". Para quem está acostumado com nightly builds com o Firefox, sempre com correções e novas funcionalidades, o ciclo parece bastante lento e ruim.

Compatibilidade pode ser um problema em alguns casos. Não consigo acessar o Gmail nem o Banrisul, por exemplo, mesmo identificando o Opera como IE ou Mozilla. Apesar de existir um comprometimento em seguir padrões, alguns sites simplesmente não os seguem e desenvolvem para os browsers dominantes do mercado: IE e, com sorte, Mozilla. Não é algo que se deva atribuir a culpa ao Opera também, mas pode ser um problema para quem só quer navegar sem preocupações com compatibilidade.

Resumão
Em suma, o M2 é algo que vale muito a pena tentar. Os pontos fortes de longe superam os negativos, mas há que se fazer um esforço para adaptar-se ao estilo bastante diferente de organização dos e-mails. Uma grande tentação é tentar organizar tudo como se organiza nos clientes tradicionais, o que até é possível mas perde-se boa parte das funcionalidades e complica-se muitas funções que seriam simples.

O Opera é um browser competente, mas o Firefox ainda oferece um conjunto de vantagens atrativo demais para ser superado. Em especial, o ciclo de desenvolvimento do Firefox/Mozilla é muito dinâmico e, se hoje os browsers se equiparam, no futuro parece que o Opera ficará em desvantagem. Mas digamos que se o preço por usar o M2 é ter que utilizar o Opera, então é um preço baixo e facilmente pagável. Pelo menos hoje.

5 comentarios

Faz alguns séculos que tentei usar o Opera, talvez seja o caso de experimentar novamente.

Sobre a foto do "smog", é da última sexta-feira: essa semana está bem atípica, tem até calor. A Raquel e a Maria Clara devem estar se perguntando "cadê o frio que o Marmota comentou".

Foram elas que levaram o calor. Espalharam, no caso, pq aqui ainda tá quente...

Em relação a compatibilidade de sites, é ainda uma briga imensa, muitos designers ainda usam o dreamweaver e não sabem nem o q significa o acronimo HTML, mal sabem o q é css, fica dificil, pessoas que deveriam saber exatamente o q o usuario está baixando, quando, e como. Sou designer e já fiz workshops sobre HTML, CSS, Javascript, XML e DOM, e os caras que mais assistiram e aproveitaram foram programadores, designer ainda acha que só tem que fazer layout e foda-se o resto, que contratem um estagiário pra fazer html. Na empresa onde trabalhava era diretor de design, a consegui com muito ardor, abolir o uso do dreamweaver, e todos saberem html, css avançados. Final da história hoje os caras são super bem vistos por essa "feature".
abraços

Para a janela de transferências não abrir a cada download faça o seguinte:

1. Na barra de endereços, digite: opera:config
2. Clique em TransferWindow.
3. Desmarque a caixa Activate On New Transfer.
4. Clique em save.
5. Pronto, reinicie o Opera.

abraços

Utilizo o Opera 9.24 Linux como browser e cliente de e-mail. O grande problema realmente é a falta de compatibilidade de determinados sites como bancos (Unibanco) e Serpro (emulação HDO) nos quias sou obrigado a utilizar o Firefox

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Esta página contiene una sola entrada realizada por ricardo y publicada el junho 22, 2004 9:26 AM.

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