Review Archos 605 WiFi

O que ele faz?

O Archos 605 WiFi é principalmente um tocador de mídias portátil. São três suas principais funções: tocar músicas, mostrar vídeos e mostrar fotos. O tocador de música suporta os formatos populares como MP3, CBR, VBR, WMA e WAV. O tocador de vídeos suporta de fábrica MPEG-4, WMV e WMV protegido. Um plug-in opcional (que pode ser comprado diretamente no site do fabricante) oferece ainda suporte a MPEG-2, VOB e H.264. Já o visualizador de fotos suporta apenas os formatos JPG, BMP e PNG.

Arquivos podem ser transferidos para o aparelho através de um cabo USB (2.0) ou via rede sem fio. O Archos 605 WiFi se conecta a redes 802.11B/G e permite reproduzir mídias remotamente (desde que compartilhadas no computador de origem) e copiar arquivos do e para o aparelho.

Mas além de ser um tocador de mídias, o Archos 605 WiFi traz algumas coisinhas interessantes. Um outro plug-in opcional instala um navegador e permite acessar a Web pelo aparelho via rede sem fio. O navegador é uma versão do Opera e funciona consideravelmente bem. Digita-se os endereços ou outras informações usando um teclado na própria tela sensível ao toque (que, aliás, não é multi-touch, como o iPhone). O Opera, por sua vez, suporta os chamados widgets que são mini-aplicativos que rodam dentro do navegador. Com isso, o Archos 605 WiFi permite rodar algumas aplicações extras, tais como agenda de compromissos, calculadora e previsão do tempo. Os widgets são gratuítos, mas é necessário ter comprado o plug-in do navegador para executá-los. Também é possível rodar alguns jogos e o fabricante vende dois pacotes de jogos, cada um contendo 4 jogos.

Navegando entre opções

O Archos 605 WiFi oferece dois modos de interação com o usuário. O primeiro modo é a tela sensível a toque. Para selecionar opções, basta pressionar com o dedo ou uma caneta especial a parte da tela correspondente. O segundo modo são botões localizados na parte direita do aparelho. É possível executar todas funções utilizando qualquer modo. A tela sensível ao toque funciona bastante bem mesmo com os dedos, ainda que não seja multi-touch com o iPhone ou iPod Touch. É possível, inclusive, digitar com alguma destreza no teclado virtual incluído.

Transferindo arquivos

O Archos 605 WiFi pode se conectar a uma porta USB para transferir arquivos e carregar sua bateria. Isso é feito com o uso de um cabo próprio. Infelizmente não há conexão USB ou mini-USB direta – talvez a maior falha do aparelho (junto com a falta de um leitor de cartões). Há diversos modos de conexão, que podem ser escolhidos no aparelho antes de conectá-lo. O modo padrão faz com que o Archos seja visto pelo computador como se fosse um dispositivo de armazenagem externo (como se fosse um pen-drive ou um cartão de memória). Assim, basta copiar os arquivos que se deseja transferir diretamente para as pastas dentro da unidade, não sendo necessário utilizar qualquer software adicional (como os iPods exigem) ou converter entre formatos. A transferência funciona para ambos os lados, permitindo que o Archos seja utilizado inclusive como um drive auxiliar externo.

Outra possibilidade é transferir os arquivos diretamente pela rede sem fio. Do próprio Archos é possível ver as redes e computadores disponíveis que possuam pastas compartilhadas. Utilizando o gerenciador de arquivos interno, basta selecionar os arquivos que se deseja copiar. Novamente, é possível copiar arquivos que estão no Archos para outros computadores. De um computador, via rede sem fio, é possível por padrão ver o Archos como um dispositivo de mídia, o que permite tocar as mídias lá localizadas no computador mas não copiar arquivos. Para utilizar o Archos como um drive remoto, é necessário habilitar manualmente uma opção no aparelho.

Ouvindo músicas

Tendo transferido as músicas para o Archos 605 WiFi, basta selecionar no menu principal a opção apropriada. A escolha da música se dá por diretórios e arquivos ou por tags (informações que estão presentes nas músicas), que incluem artista, álbum e ano, entre outras. Algo que faz falta é uma opção de procurar por uma música digitando-se uma parte do seu nome ou do artista. O teclado funciona tão bem que é difícil acreditar que não tenham pensado nisso. Os modos de reprodução comuns estão todos presentes, podendo-se tocar em seqüência ou aleatóriamente. Se presente, o Archos mostra junto à música tocando no momento a capa do álbum a que a música pertence. Controle de volume e mudança de músicas podem ser feitas pela tela touch-screen ou pelos botões laterais.

Há uma conexão comum para fones de ouvido e também um alto-falante embutido. O som nos fones de ouvido é bom, consideravelmente alto. Já o alto-falante é bastante limitado. Primeiro, por não ser estéreo. Segundo, por que o som não fica particularmente alto. Ainda assim, pode vir a ser útil ter um alto-falante embutido – pense em mostrar um vídeo aos amigos, por exemplo.

A bateria dura acima de 10 horas ouvindo música, desde que o usuário não fique trocando de musica constantemente ou mantendo a tela ligada por muito tempo. O fabricante promete 17 horas, mas não cronometrei ainda.

Vendo vídeos

Novamente, uma opção no menu principal dá acesso à lista de vídeos disponíveis, organizados por diretórios. A listagem mostra o nome do arquivo mas também uma pequena imagem com alguma cena do vídeo, o que facilita encontrar o que se deseja no meio de muitos arquivos com mesmo nome. Ao selecionar um arquivo, a imagem torna-se animada, mostrando um trecho aleatório do vídeo.

Ao tocar um arquivo de vídeo é que a tela do Archos se faz notar. A resolução de 800x480 (widescreen) é perfeita para o tamanho de tela e o brilho é suficiente para permitir a visualização em condições razoavelmente ruins (ao ar livre em um dia ensolarado, desde que não com o sol diretamente sobre a tela). É uma tela excelente realmente.

Outra ótima caracteristica é a possibilidade de tocar vídeos com legenda. Basta para isso colocar a legenda no mesmo diretório do vídeo, com o mesmo nome do arquivo. O vídeo tocará com a legenda ligada por padrão, mas é possível desabilitá-la a qualquer momento. Não sei que tipos de legendas ele suporta, mas até agora tocou praticamente todas que coloquei ali. É também possível criar um “bookmark” para cada vídeo, de forma que é simples retornar posteriormente a um ponto qualquer do filme.

Também é útil o fato do Archos fazer streaming de vídeo de algum computador remoto. Assim, se você tem um vídeo no seu computador e tem uma pasta compartilhada que o Archos consiga acessar pela rede WiFi, é possível ver o vídeo (ou qualquer outro arquivo, na verdade) no Archos sem copiar para seu HD interno. Isso é mais útil do que parece.

A bateria dura o suficiente para assistir algo como dois filmes. O fabricante promete 5.5 horas e creio que essa estimativa está aproximadamente correta.

Vendo fotos

O visualizador de fotos é um dos motivos que me levou a adquirir o Archos. Como a tela é razoavelmente grande (pouca coisa menor que uma foto convencional) e com boa resolução, o Archos se torna ideal para levar as fotos para mostrar para a família e amigos sem ter que imprimir ou andar com um notebook embaixo do braço.

O visualizador de fotos é bastante direto. Pode-se organizar as fotos por diretórios ou data e um thumbnail da foto é mostrado na listagem. Os thumbnails carregam razoavelmente rápido, mas nem sempre carregam, por algum motivo. Pode-se visualizar as fotos individualmente ou criar um “slideshow”, onde as fotos vão trocando após certo tempo.

Ao visualizar uma foto, é possível dar zoom simplesmente apertando a tela na região que se deseja dar zoom. Pode-se rotacionar as fotos fazendo rápidos movimentos para cima ou para baixo na tela e troca-se de foto fazendo movimentos laterais.

O Archos seria ainda melhor no quesito foto se dispusesse de um leitor de cartões, tornando-o um companheiro ideal para a câmera digital. Sem um leitor, é ainda chato ter que colocar no computador as fotos antes de passar para o aparelho. O processo só é tornado mais simples pelo fato de poder transferir as fotos via WiFi. Curiosamente, a versão do Archos 605 WiFi de 4GB (que não possui HD interno, mas sim uma memória flash) possui leitor de cartões.

Navegando na internet

Navegar em um aparelho deste tamanho pode parecer estranho, mas o Opera para o Archos é nada menos que excelente. Não há muito o que falar – a renderização das páginas é bastante boa, o sistema de rolagem e zoom funciona muito bem. O destaque deve ficar com a possibilidade de reproduzir conteúdo baseado em Flash, algo que não existe em praticamente nenhum navegador portátil por aí, incluindo o todo-poderoso iPhone. Isso torna possível ver vídeos no YouTube, por exemplo. Não só isso – o Opera detecta quando o conteúdo sendo visualizado contém um vídeo e oferece a opção de vê-lo em tela cheia.

O navegador também habilita a utilização de widgets, que são mini-aplicativos que rodam dentro do navegador. Ainda é limitada a oferta destes widgets, mas potencialmente permitirão que o Archos 605 se torne quase um UMPC – nada impede (exceto, talvez, a capacidade do processador) que se tenha editores de texto e outros aplicativos “grandes” rodando como widget.

Gravando vídeos

A base opcional oferece uma quantidade de conexões que o aparelho sozinho não oferece. É possível ligar o Archos na TV, por exemplo, e a uma tomada de energia para carregar a bateria sem ligar a um computador. Mas o mais interessante é a possibilidade de ligar uma entrada de vídeo e efetivamente utilizar o Archos como um gravador digital. Nos EUA, inclusive, é possível assinar um serviço que fornece a grade de programação de vários canais e passa-se a utilizar o Archos como se fosse um TiVo. No Brasil, ainda é possível gravar programas da TV (sem opções de agendamento, porém) ou de qualquer outra fonte de vídeo (como uma câmera, DVD player etc.). É uma função que ainda não utilizei, mas que é bom saber que está lá.

Problemas encontrados

O Archos funciona bem em geral, mas não sem algumas falhas estranhas que ocorrem eventualmente. A mais comum é, ao remover o aparelho da sua base (DVR Station, vendida separadamente), ele as vezes fica com uma imagem distorcida na tela e as vezes simplesmente trava. Então tem-se que reiniciar o Archos, pressionando o botão de força por alguns segundos. Outro problema que me ocorreu uma vez foi que a bateria se esgotou completamente e não carregava pela USB. Aparentemente, tem que haver algum resquício de bateria para que o Archos se ligue e comece a carregar. Irônico. Eu tinha o mesmo problema com um velho mp3-player da Philips. Por sorte a estação carrega diretamente de uma tomada e conseguiu recuperar a bateria. Portanto, não deixem a bateria se exaurir por completo (i.e. tentando religar várias vezes o aparelho após a primeira vez que ele se desliga por falta de bateria). Aliás, o fato da bateria ser interna e não poder ser trocada é um grande problema - em viagens longas, esqueça levar baterias extras. Até há um opcional que permite ligar uma bateria externa, mas é excessivamente grande para ser prático. A falta de um leitor de cartão é algo incompreensível, assim como uma entrada USB comum.