« Miscelâneas | Inicio | Fawlty Towers »

maio 9, 2006

Viagem aos EUA/Canadá - Resumão

Alguém já fez uma comparação de personalidades entre países e disse que os EUA é um adolescente brigão, enquanto o Canadá é uma intelectual muito educada nos seus 35 anos, talvez bibliotecária. É uma generalização, claro, ainda que difícil não concordar. Mas cada cidade tem também sua própria personalidade.

New York é aquele ricaço moderno, sabe comprar e admirar artes, às vezes beira o brega, mas sempre mantém o bom gosto. Gosta de fazer festa, mas quase nunca fica bêbado (e, quando fica, fica filosófico). Costuma ser o centro das atenções não por que gosta, mas por que cativa.

A Manhattan que revisitei não estava diferente da que estive há dois anos: nos recebeu com chuva e frio. Visitamos bem mais coisas do que visitei da outra vez, um pouco por que a Raquel sabia para onde estava indo (enquanto eu costumo andar de forma aleatória). O destaque vai para uma melhor apreciação do Central Park e ainda assim cobrimos algo como 1/10 de tudo. Uma vida não é suficiente para apreciar totalmente Manhattan, especialmente se for uma vida acompanhada de chuva.

De New York para San Francisco, apenas para troca de vôos. De San Francisco para o Canadá. Vancouver é um senhor nos seus 40 anos, pacato e sábio. Rico, mas não ostenta exceto por um ou dois quadros milionários colocados displicentemente em alguma parede da casa. Eric McCormack, o Will de Will & Grace, que é canadense, descreve a cidade como "the best kept secret of Canada". Ou assim li em alguma das revistas oferecidas em algum vôo.

Vancouver é estonteantemente linda. As ruas são razoavelmente bem organizadas, com longos corredores, não por uma questão prática, mas sim, acredito, para permitir que sempre se tenha as montanhas no horizonte. Vancouver é cercada por água, como Manhattan, mas ao invés de uma Nova Jersey do outro lado, há montanhas magníficas (essa observação é o McCormack também). No entanto, pudemos conhecer apenas uma parte da cidade: a parte chamada Central que, curiosamente, fica no extremo norte da cidade. Pelo pouco que foi possível conhecer, o restante da cidade é um pouco mais "comum" mas qualquer um poderia morar a vida inteira na área Central sem nunca querer sair de lá.

De Vancouver para Palo Alto. Palo Alto, Mountain View, Sunnyvale e outras são todas pequenas cidades que fazem parte do que chamaríamos no Brasil de Grande São Francisco. Lá eles chamam de "Bay Area", ou algo assim. Palo Alto, é claro, é o nerd da família dos EUA. Não há outra forma de ver a cidade. Conhecemos o centro durante a noite, rapidamente, mas não há muito o que ver. É uma cidade tipicamente pequena - tão pequena que os moradores costumam ir a San Francisco para compras e entretenimento. Cerca de 40 minutos de estrada até lá. A sede do Google fica um pouco mais ao sul, em Mountain View.

O Googleplex, como chamam o aglomerado principal de prédios, é tudo que eu esperava. O ambiente é extremamente informal, bem como a decoração - em boa parte feita pelos próprios empregados. Horários também são flexíveis, mas há tanta coisa para fazer por lá, não só em termos de trabalho como de entretenimento, que o local está quase sempre cheio. Funcionários praticamente só precisam ir para casa para dormir, até lavar as roupas é possível na lavanderia de um dos prédios. Piscinas, quadra de volley, spa, piscina de bolinhas, sinuca, pebolim e arcades antigos são alguma das opções de relaxamento entre um projeto e outro. Todos funcionários tem dois monitores LCD de 17" em suas baias, mas não sei que máquinas utilizam.

De Palo Alto para San Francisco. San Francisco é uma cidade estranha, com personalidade difícil de caracterizar. Eu diria que é algo como um adolescente que está passando por uma fase de marginal. Ainda que seja considerada a capital gay dos EUA, isso é pouco evidente, a menos que seja um gay desleixado. Manhattan é, definitivamente, metrosexual, mas San Francisco é indefinida. De todas as cidades que visitamos, é a mais suja e a que parece ser mais pobre. Ainda assim, a área central é deslumbrante, especialmente na volta da Union Square. É isso: San Francisco é aquele artista que acredita que é muito bom no que faz, cujas obras ninguém compra mas que não desiste da profissão (e que tem realmente algumas obras maravilhosas). Mas estou sendo injusto: mal ficamos dois dias na cidade e boa parte disso foi tentando decidir o que visitar, apenas para descobrir que tudo é longe e as lombadas muito íngremes e o melhor é ficarmos aqui na volta do centro mesmo. De todas as cidades, é a que devemos retornar para tentar, pelo menos, encontrar uma personalidade que se encaixe.

De San Francisco para o Brasil, via New York para troca de vôos. O Brasil, é claro, é aquele cara malandro que se acha muito esperto e inteligente só por que consegue acompanhar 18 campeonatos de futebol ao mesmo tempo, que tenta achar "jeitinhos" para se dar bem, geralmente às custas dos outros.

4 comentarios

Muito legal essa "personificação" nas cidades!
Mas, sem ser brasilianista ou patriota cego, acho que a descrição do brasileiro foi um pouco exagerada. Talvez algo como "um adolescente que ainda não conhece o resto do mundo: seus parâmetros do que é bom ou certo não são ainda abrangentes, mas acima de tudo é curioso e tem energia pra tentar".

A última CPI já me tirou toda boa vontade em relação ao Brasil. :P

desculpa acordar :)

Baaah! q quadro...adorei as comparações dando personalidades para as cidades. :) Imaginei tudo o que falastes. Tomara que um dia eu possa ver com meus prórpios olhos tb...hehehehe. :P

Sobre esta entrada

Esta página contiene una sola entrada realizada por ricardo y publicada el maio 9, 2006 9:47 PM.

Miscelâneas es la entrada anterior en este blog.

Fawlty Towers es la entrada siguiente en este blog.

Encontrará los contenidos recientes en la página principal. Consulte los archivos para ver todos los contenidos.