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novembro 19, 2006
Tráfego sem sinalização
Interessante matéria na Spiegel sobre experimentos em cidades européias onde estão tentando desregulamentar o tráfego urbano. As cidades modelo não possuem qualquer tipo de sinalização ou sequer calçadas. Semáforos deram lugar a rótulas e apenas duas regras são válidas: "a direita tem preferencial" e "atrapalhe alguém e será guinchado".
A idéia por trás dos experimentos é a de que regulamentação isenta responsabilidade. Quanto mais sinalizações e obrigações o motorista enfrenta, menos ele se sente responsável por suas ações e a liberdade tolhida é convertida em ressentimento - se ele tem que parar nas placas de Pare, então não vai sequer considerar tomar cuidado nos sinais verdes (ou amarelos).
Algumas cidades já apontam com uma queda drástica no número de acidentes utilizando essa estratégia. Mas ainda é cedo para tirar conclusões. Em primeiro lugar, reduzir o número de acidentes não é a única coisa que desejamos com o tráfego. Se realmente quisermos reduzir acidentes, basta todos andarmos a pé. Também desejamos chegar rápido a lugares distantes. Não está claro se a velocidade do tráfego não é drasticamente reduzida também.
Ainda há o problema de adaptação. O sistema sem sinalização é recente, a redução de acidentes pode ser fruto da cautela dos motoristas antes acostumados com regras. A medida que os motoristas adaptam-se uns aos outros, normas informais vão certamente surgir e depois de certo tempo vão ser tão ou mais fortes quanto quaisquer regras formais. Isso poderá trazer de volta os problemas das regras anteriormente existentes. Ou não, já que as normas serão "bottom-up" e não impostas de cima para baixo.
Seja como for, é interessante ver que cidades estão tentando estratégias radicalmente diferentes das atuais para resolver o problema do tráfego urbano, que é um dos problemas mais graves (depois da violência) do crescimento de qualquer cidade.
Wow!
Essa experiência vai ser interessante, mas, creio, independente do resultado, só seria viável em cidades pequenas e, digamos, ?civilizadas?. DifÃcil imaginar que em uma cidade grande de algum paÃs terceiro-mundista tal coisa seja ao menos imaginável. Isso me lembrou uma pesquisa recente, que avaliou o comportamento de diplomatas de vários paÃses no trânsito e, não surpreendente, um padrão foi identificado na emissão de multas: quanto mais rico o paÃs de origem do diplomata, mais civilizado o motorista, quanto mais pobre, mais bárbaro (ou, no caso, barbeiro). Os paÃs nórdicos, se não me falha a memória, foram os menos multados. O Brasil liderava a hoste subdesenvolvida.. hehehe