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junho 28, 2005

The Blank Slate 2

A segunda parte de The Blank Slate, do Steven Pinker, trata sobre a guerrilha científica, pseudo-científica e política que envolveram e ainda envolvem a questão de se a natureza humana é de alguma forma definida pela genética ou não. É a melhor parte do livro.

O foco da questão parece ser que os que defendem que o ser humano é totalmente moldável e de maneira alguma tem comportamentos ou predisposições ditados pela genética e moldadas pela evolução, é que se isso for verdade então não temos bases morais para nada e as pessoas bem podem sair se matando por aí sem culpa alguma. Afinal, está tudo nos genes. O medo dos pertencentes a essa facção é que a sociedade se desestruture se as pessoas tiverem conhecimento de que suas vidas não são lá tão divinas quanto elas pensam e que somos, afinal, matéria e apenas matéria. Pior, somos matéria com uma possível pré-disposição à violência, guerra e outras coisas não muito louváveis.

Essa facção conta com integrantes ilustres como Stephen Jay Gould, o que me faz pensar se eles realmente acreditam no que defendem. Seus argumentos possuem muitas frases de efeito e formas de argumentação que mais lembram propaganda do que ciência. É possível que eles não acreditem realmente que o ser humano é totalmente definido pelo ambiente, mas que acreditem, sim, que evidências do contrário devem ser mantidas longe do público e, principalmente, dos jornais. Isso por que pessoas "comuns" tendem a interpretar e generalizar evidências de formas errôneas que, em última análise, acabaram culminando no Nazismo. Eles fazem um contra-ponto consciente por acreditarem que o ser humano não está pronto para ser retirado do seu altar particular.

Apenas para constar: eu tenho total convicção de que somos matéria e apenas matéria, não há um propósito maior em nossas vidas além dos que nós mesmos almejamos e acredito que não começamos como "nobres selvagens". Mas mesmo tendo conhecimento disso tudo, não tenho a menor intenção de sair ferindo e matando pessoas ou desrespeitando tudo e todos em um frenesi auto-destrutivo. Longe de serem mutuamente exclusivas, é possível ter sociedade e auto-conhecimento afinal.

6 comentarios

Isso me lembra Hobbes e o seu "Estado de Natureza" hipotético. E "o homem é o lobo do homem" e blá blá blá. Aquela baboseira que até hoje não perdeu toda força.

Estou de acordo contigo sobre o que somos e igualmente não tenho vontade de sair matando ou fazendo outras atrocidades.
Acho que é nesse contexto, nessa abordagem que podemos ter boas respostas para que servem as religiões, os Estados e até mesmo os costumes.
É mais simples e muuuuuuuito mais eficiente explicar o porquê dessas coisas a partir de argumentos baseados no que é natural, genético, inato etc. Portanto se é assim, está tudo bem como está, pois assim que deve ser. E afinal, não poderia ser diferente,né? Ai ai.

As explicações baseadas nas ciências socias estão sempre mais distantes do senso comum por motivos óbvios... Mais uma vez lembro da religião, do Estado e dos costumes.

Me perdi na segunda estrofe do texto, mas espero ter captado o espírito da coisa.

É, e por aí vai.

Agora li o post anterior sobre o livro...
interessante. E vejo que compartilho das tuas curiosidades. Deve ser bom esse livro.
Será que é inédito no português?

Abraço!

Não saiu versão em português ainda, se é que vai sair. Mas é muito bom o livro.

A versão em português não é "Tabula Rasa" (http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=754829&sid=0111231617623350373333732&k5=197B7662&uid=)?

Mas não entendi o argumento. Pinker defente então que a moral (ou parte dela) é inata, incrustada nos genes?

http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=754829&sid=1761281007629559984367374&k5=363D6C30&uid=

Não, Pinker defende que as pessoas são diferentes, tem habilidades diferentes inatas. Ele defende que não somos tabulas rasas e que, portanto, algumas pessoas podem nascer melhores ou piores em algumas coisas.

Mas o argumento não é bem esse, o que ele realmente defende é que a estrutura do cérebro é definida, em algum grau, pela genética e que essa estrutura tem relação com capacidades intelectuais das pessoas. Daí que QI é algo que pode ser herdável.

Quanto a moral, ele defende que é algo que deve sobreviver a essas evidencias. O fato de sermos diferentes, e até mesmos raças inteiras terem diferenças, não justifica o preconceito nem darwinismo social.

E bom que saiu em português, não sabia :)

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Esta página contiene una sola entrada realizada por ricardo y publicada el junho 28, 2005 1:39 PM.

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