"Agora vou voltar a como Sumire e Miu se conheceram. Miu ouvira falar em Jack Kerouac e tinha uma vaga noção de que ele era romancista de um certo tipo. De que tipo, ela não se lembrava.
- Kerouac... Hmmm... Não era um Sputnik?
Sumire não entendeu o que ela quis dizer. Garfo e faca no ar, refletiu um pouco.
- Sputnik? Refere-se ao satélite que os soviéticos lançaram na década de cinqüenta? Jack Kerouac foi um romancista americano. Acho que realmente coincidiram em termos de geração...
- Não é assim que chamavam os escritores na época? - perguntou Miu. Traçou, com a ponta do dedo, um círculo sobre a mesa, como se remexesse em um vidro especial, cheia de recordações.
- Sputnik...?
- O nome de um movimento literário. Você sabe... como classificam escritores nas diversas escolas literárias.
(...)
- Beatnik!
Miu delicadamente limpou o canto da boca com o guardanapo.
- Beatnik, Sputnik. Nunca me lembro desse tipo de termos. É como o Kenmun Restoration ou o Tratado de Rapallo. História antiga.
Um silêncio delicado desceu sobre elas, sugestivo do fluxo do tempo."
Haruki Murakami, Minha Querida Sputnik. Como é bom poder ler ficção de novo. Pena que seja tão curtinho...
http://www.mat.upm.es/~jcm/murakami-perfect.html
Uma história do Murakami
"On seeing the 100% perfect girl..." foi meu cartão pra Marcela uns meses atrás.
Oh, que meigo. :)
Favor deixar os comentários de "oh, que meigo" para nós. Obrigado.