janúar 2005 Archives

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cachorro.gifEstava discutindo esses dias com a Raquel sobre minhas preferências em livros. São meio estranhas. Não tenho paciência com narrativas "secas", que só descrevem os personagens, seus passos, suas emoções, mesmo que a história seja muito boa. O que me interessa não é a história, mas o jeito como ela é contada. Mais forma do que conteúdo.

Acabei há pouco de ler As Correções, do Jonathan Franzen, que é delicioso. As metáforas, as comparações, a insanidade do texto exagerando a insanidade dos personagens, tudo é maravilhosamente louco e criativo. Mas tenho que reconhecer que a história, se vista separada do estilo do autor, é o velho clichê da família problemática e da crítica à moral americana. Mesmo os personagens, mesmo que nada rasos, são cópias de coisas que você já viu em outro lugar. Não interessa - o livro, pra mim, ainda é fantástico.

O Estranho Caso do Cachorro Morto, de Mark Haddon, é outro exemplo. Se você deixar de lado o fato de que a narração é feita por um menino autista, é mais uma história comovente sobre uma criança com problemas mentais. O que torna o livro interessante é justamente a narração - Chris, o menino autista, é super-inteligente e obsessivo-compulsivo quanto a detalhes de organização, horários, descrições, e dá longas explicações, às vezes de páginas e páginas, sobre cada um de seus passos. Sua concentração em resolver o caso do cachorro morto só dá algumas brechas para o leitor perceber uma história muito mais complexa, sobre a relação de Chris com a família. Para ele é só um pano de fundo, para nós e para o autor é a história do livro. Isso que torna ele diferente, criativo.

(O livro também me fez pensar que eu sou um quase-autista. Fora a super-inteligência, e apesar eu ter um arremedo de desenvoltura com outros seres humanos, sou bem parecido com o Chris.)

Como exemplos contrários, não consegui passar do segundo capítulo de O Código Da Vinci e tive vontade de fechar o livro e bater com ele na minha cabeça a cada página de Os Milionários (resenha no Omelete em breve). Por mais interessante que possam ser, não me davam entusiasmo pra virar a página.

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cachorro.gifEstava discutindo esses dias com a Raquel sobre minhas preferências em livros. São meio estranhas. Não tenho paciência com narrativas "secas", que só descrevem os personagens, seus passos, suas emoções, mesmo que a história seja muito boa. O que me interessa não é a história, mas o jeito como ela é contada. Mais forma do que conteúdo.

Acabei há pouco de ler As Correções, do Jonathan Franzen, que é delicioso. As metáforas, as comparações, a insanidade do texto exagerando a insanidade dos personagens, tudo é maravilhosamente louco e criativo. Mas tenho que reconhecer que a história, se vista separada do estilo do autor, é o velho clichê da família problemática e da crítica à moral americana. Mesmo os personagens, mesmo que nada rasos, são cópias de coisas que você já viu em outro lugar. Não interessa - o livro, pra mim, ainda é fantástico.

O Estranho Caso do Cachorro Morto, de Mark Haddon, é outro exemplo. Se você deixar de lado o fato de que a narração é feita por um menino autista, é mais uma história comovente sobre uma criança com problemas mentais. O que torna o livro interessante é justamente a narração - Chris, o menino autista, é super-inteligente e obsessivo-compulsivo quanto a detalhes de organização, horários, descrições, e dá longas explicações, às vezes de páginas e páginas, sobre cada um de seus passos. Sua concentração em resolver o caso do cachorro morto só dá algumas brechas para o leitor perceber uma história muito mais complexa, sobre a relação de Chris com a família. Para ele é só um pano de fundo, para nós e para o autor é a história do livro. Isso que torna ele diferente, criativo.

(O livro também me fez pensar que eu sou um quase-autista. Fora a super-inteligência, e apesar eu ter um arremedo de desenvoltura com outros seres humanos, sou bem parecido com o Chris.)

Como exemplos contrários, não consegui passar do segundo capítulo de O Código Da Vinci e tive vontade de fechar o livro e bater com ele na minha cabeça a cada página de Os Milionários (resenha no Omelete em breve). Por mais interessante que possam ser, não me davam entusiasmo pra virar a página.

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A música do verão (pelo menos do meu verão) é Bam Thwok.

Valeu, Leo!

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A música do verão (pelo menos do meu verão) é Bam Thwok.

Valeu, Leo!

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No Fórum Social, a única coisa mais bizarra que as velhinhas francesas andando (e rápido) em bando, que os homens usando saia, que o pessoal que resolveu tomar banho pelado ao ar livre no acampamento, que os piercings, que os velhos muito velhos que parecem nunca ter feito a barba, e que a família americana cuja filhinha estava alegríssima em sua camiseta do MST, era um daqueles cachimbos pra fumar maconha (e/ou outras coisas) no formato do Patrick, a estrela-do-mar amiga do Bob Esponja.

Definitivamente, outro mundo é possível.

E eu sem câmera fotográfica.

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No Fórum Social, a única coisa mais bizarra que as velhinhas francesas andando (e rápido) em bando, que os homens usando saia, que o pessoal que resolveu tomar banho pelado ao ar livre no acampamento, que os piercings, que os velhos muito velhos que parecem nunca ter feito a barba, e que a família americana cuja filhinha estava alegríssima em sua camiseta do MST, era um daqueles cachimbos pra fumar maconha (e/ou outras coisas) no formato do Patrick, a estrela-do-mar amiga do Bob Esponja.

Definitivamente, outro mundo é possível.

E eu sem câmera fotográfica.

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Entrou no Omelete minha resenha de A Guerra dos Gibis. É o primeiro livro a entrar com competência na história dos quadrinhos no Brasil. Parabéns pro Gonçalo Júnior.

E a Lá Fora da semana passada fez um review dos quadrinhos dos EUA em 2004. A coluna volta, em nova versão, assim que o Jotapê voltar das férias...

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Entrou no Omelete minha resenha de A Guerra dos Gibis. É o primeiro livro a entrar com competência na história dos quadrinhos no Brasil. Parabéns pro Gonçalo Júnior.

E a Lá Fora da semana passada fez um review dos quadrinhos dos EUA em 2004. A coluna volta, em nova versão, assim que o Jotapê voltar das férias...

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O Newsarama descobriu que as pessoas baixam gibis na Internet e entrevistou um grupo de scanners. Só levaram dois anos.

Deixando de lado a grande diferença entre o download de mp3 ou filmes e o download de gibis (é muito chato ler na tela), acho que a tendência é a mesma que vejo pra indústria de música: as pessoas começam a ficar mais seletivas, pois podem avaliar um álbum ou um gibi antes de comprá-lo. Assim (num mundo ideal), o que é ruim começará a vender menos. Pra mim, a grande birra das gravadoras é com isso: agora eles têm que se esforçar mais para fazer um produto que , pra ser vendido, têm que me convencer mesmo.

Ok, é uma análise ingênua de uma questão ampla. Mas é assim que eu funciono: passei a comprar menos CDs e menos gibis por conhecer antes o conteúdo.

Isso também é uma versão de algo que o Moby (foi o Moby?) uma vez disse: perdem vendas as bandas ou cantores que têm público-alvo burro, mantêm ou ganham vendas as bandas que têm público inteligente. Ou seja, perdem Britney e Eminem, ganha Pearl Jam (esse era o exemplo dele, não meu). Não é o que está acontecendo, mas deveria ser o resultado positivo da pirataria.

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O Newsarama descobriu que as pessoas baixam gibis na Internet e entrevistou um grupo de scanners. Só levaram dois anos.

Deixando de lado a grande diferença entre o download de mp3 ou filmes e o download de gibis (é muito chato ler na tela), acho que a tendência é a mesma que vejo pra indústria de música: as pessoas começam a ficar mais seletivas, pois podem avaliar um álbum ou um gibi antes de comprá-lo. Assim (num mundo ideal), o que é ruim começará a vender menos. Pra mim, a grande birra das gravadoras é com isso: agora eles têm que se esforçar mais para fazer um produto que , pra ser vendido, têm que me convencer mesmo.

Ok, é uma análise ingênua de uma questão ampla. Mas é assim que eu funciono: passei a comprar menos CDs e menos gibis por conhecer antes o conteúdo.

Isso também é uma versão de algo que o Moby (foi o Moby?) uma vez disse: perdem vendas as bandas ou cantores que têm público-alvo burro, mantêm ou ganham vendas as bandas que têm público inteligente. Ou seja, perdem Britney e Eminem, ganha Pearl Jam (esse era o exemplo dele, não meu). Não é o que está acontecendo, mas deveria ser o resultado positivo da pirataria.

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- Steve?
- Diz.
- DOZE homens e OUTRO segredo. Hein? Hein?
- Não.
- Nove dígitos, Steve. Nove dígitos!
- Não.
- A Julia topou.
- A Julia topou?
- A Julia topou.
- Ok, George. DOZE homens e blablabla. Mas o roteirista não dá pitaco, o produtor não dá pitaco, e VOCÊ também não dá pitaco.
- Steve...
- E eu quero aquela câmera nova da Sony. Eu quero um engenheiro decente pra enfiar a câmera onde eu bem entender. E nada de locações no Canadá. Eu tô a fim de ir pra Europa.
- Steve...
- Porque se eu quiser filmar um avião chegando de cabeça pra baixo, EU VOU FILMAR A PORRA DUM AVIÃO CHEGANDO DE CABEÇA PRA BAIXO, e se eu quiser grudar a câmera num carro, EU VOU GRUDAR A CÂMERA NUM CARRO, e se eu passar um dia filmando um diálogo de vocês e depois quiser tapar as vozes com a trilha - você já falou com o Holmes? sem o Holmes eu não faço - EU VOU TAPAR A PORRA DAS VOZES COM A TRILHA.
- Steve, lembra do teste do Traffic? As pessoas não entendem, Steve! Elas não entendem um avião chegando de cabeça pra baixo, elas acham que a trilha em cima das vozes é erro na projeção, elas acham que as imagens em vídeo são defeito. Pô, Steve, eu fiz Solaris pra você sem entender o roteiro...
- E nem preciso dizer que quero o Mirrione pra fazer a montagem de novo.
- Mas, Steve, é mainstream. Olha, talvez até a Catherine Zeta-Jones entre. Imagina, o público vai no cinema pra ver as pernas dela e não entende aqueles cortes...
- EU SOU STEVEN SODERBERGH, DIABO! MEU PRIMEIRO FILME TEM QUINZE ANOS E AINDA TEM INTELECTUAIS METIDOS FAZENDO TESES SOBRE ELE! EU GANHEI EM CANNES! EU GANHEI EM SUNDANCE! EU TENHO UM OSCAR! PORRA, EU DEI UM OSCAR PRA JULIA! E SE EU QUISER FILMAR UM AVIÃO ATERRISANDO DE CABEÇA PRA BAIXO, EU VOU FILMAR UM AVIÃO ATERISSANDO DE CABEÇA PRA BAIXO!
- ...
- E mais uma coisa: minhas negociações serão feitas com a Julia, não com você.
- Steve...
- Quer o filme? Quer? Quer? Quer seus "nove dígitos"? J-U-L-I-A. Tchau.

* * *

Doze Homens e Outro Segredo é uma delícia. Chegue no cinema e peça ingresso para três sessões seguidas.

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- Steve?
- Diz.
- DOZE homens e OUTRO segredo. Hein? Hein?
- Não.
- Nove dígitos, Steve. Nove dígitos!
- Não.
- A Julia topou.
- A Julia topou?
- A Julia topou.
- Ok, George. DOZE homens e blablabla. Mas o roteirista não dá pitaco, o produtor não dá pitaco, e VOCÊ também não dá pitaco.
- Steve...
- E eu quero aquela câmera nova da Sony. Eu quero um engenheiro decente pra enfiar a câmera onde eu bem entender. E nada de locações no Canadá. Eu tô a fim de ir pra Europa.
- Steve...
- Porque se eu quiser filmar um avião chegando de cabeça pra baixo, EU VOU FILMAR A PORRA DUM AVIÃO CHEGANDO DE CABEÇA PRA BAIXO, e se eu quiser grudar a câmera num carro, EU VOU GRUDAR A CÂMERA NUM CARRO, e se eu passar um dia filmando um diálogo de vocês e depois quiser tapar as vozes com a trilha - você já falou com o Holmes? sem o Holmes eu não faço - EU VOU TAPAR A PORRA DAS VOZES COM A TRILHA.
- Steve, lembra do teste do Traffic? As pessoas não entendem, Steve! Elas não entendem um avião chegando de cabeça pra baixo, elas acham que a trilha em cima das vozes é erro na projeção, elas acham que as imagens em vídeo são defeito. Pô, Steve, eu fiz Solaris pra você sem entender o roteiro...
- E nem preciso dizer que quero o Mirrione pra fazer a montagem de novo.
- Mas, Steve, é mainstream. Olha, talvez até a Catherine Zeta-Jones entre. Imagina, o público vai no cinema pra ver as pernas dela e não entende aqueles cortes...
- EU SOU STEVEN SODERBERGH, DIABO! MEU PRIMEIRO FILME TEM QUINZE ANOS E AINDA TEM INTELECTUAIS METIDOS FAZENDO TESES SOBRE ELE! EU GANHEI EM CANNES! EU GANHEI EM SUNDANCE! EU TENHO UM OSCAR! PORRA, EU DEI UM OSCAR PRA JULIA! E SE EU QUISER FILMAR UM AVIÃO ATERRISANDO DE CABEÇA PRA BAIXO, EU VOU FILMAR UM AVIÃO ATERISSANDO DE CABEÇA PRA BAIXO!
- ...
- E mais uma coisa: minhas negociações serão feitas com a Julia, não com você.
- Steve...
- Quer o filme? Quer? Quer? Quer seus "nove dígitos"? J-U-L-I-A. Tchau.

* * *

Doze Homens e Outro Segredo é uma delícia. Chegue no cinema e peça ingresso para três sessões seguidas.

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