apríl 2009 Archives

Oswalt

Tenho uma patota de amigos que está tendo bebês em um intervalo de poucas semanas. Uma amiga nossa notou que todos foram concebidos no final de julho ou início de agosto - durante ou depois da San Diego Comic-Con. Ela disse "vocês viram uma gatinha vestida de Mulher Maravilha, ficaram bem excitadinhos e aí foram fazer bebês nas esposas."

O que considerei uma grosseria. E ingenuidade. Nenhum de nós usaria as Varinhas da Concepção depois de ver uma fangirl rechonchuda andando de roupinha apertada e bustiê.

O que ligou nossas Espadas de Aço Hanzo Geradoras da Vida foi o primeiro trailer do novo EXTERMINADOR DO FUTURO.

Patton Oswalt teve uma filha. Ela nasceu no dia da estréia de Crank 2. Nerd de bom coração, ele só foi ao cinema no dia seguinte.

Perec

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Chegou. Tá aqui. De verdade. Na minha frente.

vida-mododeusar.jpg

Foi o Fábio Fernandes que me falou de A Vida: Modo de Usar vários anos atrás, quando eu estava pegando dicas de tradução com ele depois de ler alguma coisa do Alain de Botton. Só o título já me deu várias idéias. Saber que o Perec era gênio-louco só colaborou.

Acabei lendo somente no mestrado, quando encontrei ele na biblioteca da Unisinos e tinha apenas 500 páginas de coisas chatas para ler por semana. É quando você mais precisa ler que você mais lê o que não precisa. Me dava o luxo de um capítulo por dia, no intervalo das leituras de pesquisa. Ok, às vezes eram três. Até falei da leitura no blog, no fim de 2004.

Desde aquela época, já sabia que o livro era esgotado. Edição da Companhia das Letras de 1991, parece que nunca foi reimpresso. Era a primeira busca cada vez que eu entrava em um sebo, em todas as cidades em que fui. Quando o atendente conhecia, dizia que realmente era um livro difícil.

(Aliás, antes que eu me esqueça: obrigado a todo mundo que procurou o livro para mim em suas próprias visitas a sebos. Podem descansar agora.)

Quando conheci o Estante Virtual, óbvio que foi minha primeira busca. Claro que encontrei. Só que não existia nenhum exemplar por menos de R$ 100. Alias, ainda não existe. As pessoas lá geralmente sabem o valor do que tem nas mãos.

Mas confio na "esperança de sebo", aquela sensação de que você vai entrar em um lugar onde os caras vêem livro apenas como papel e vendem pelo peso, sem saber que estão diante de coisas raríssimas. Então cadastrei minha busca no "Golem" (não sei por que dão esse nome; obsessão judaica?) da Estante Virtual e, por um ano, recebi avisos de novos exemplares de Vida: Modo de Usar que eram cadastrados no site. Todos acima de R$ 100, sempre. Alguns faziam questão de me lembrar que era "livro raro, esgotado, edição única".

Uma vez chegou um resultado com preço por volta de R$ 35. Cliquei para comprar e já tinha sido levado. Alguém foi mais rápido.

Semana passada chegou outro resultado do Golem. E não acreditei quando li R$ 25. E não acreditei quando segui o link, entrei no site, comprei e esperei informações pro depósito (isso tudo em questão de 20 segundos; entrei em automático). E não acreditei quando fiz o depósito (R$ 30,25, com o envio). E não acreditei quando o sebo, de São José dos Campos, confirmou o envio.

Chegou. Tá aqui. De verdade. Na minha frente. As páginas estão sujas e a lombada tomou sol constante nos últimos 18 anos. Tem cheiro de sebo, dos fortes. E mesmo que eu saiba que a Companhia das Letras vai relançar A Vida: Modo de Usar em formato pocket no ano que vem, EU TENHO O MEU ORIGINAL.

Com licença, vou reler.

[Obs.: Isto não é um post pago. Mas pode ser, claro. Estante Virtual, quer me dar um vale-compras?]

Shakespeare & Bensimon

Via Leituras do Dia, cheguei nessa matéria da Carol Bensimon sobre a Shakespeare & Company.

(Falando nisso, estou há semanas para escrever sobre o Leituras do Dia: que leio o blog há uns sete, oito anos, que é o lugar que faz a seleção para eu não ter que ler toda a Bravo, toda a New Yorker, toda a New Scientist e toda a Timeout, entre vários outras, e que acabaria não lendo nada dessas revistas se não fosse pelo Rodolfo. Parafraseando o David Remnick (acho), é blog para quem não mexe os lábios quando lê.)

Então, a Shakespeare & Company. A matéria trouxe memórias. Óbvio que fui lá mais de uma vez durante os cinco dias em Paris, em janeiro. A primeira seguindo o mapa, dando uma volta complicada para descobrir que ela ficava a três quadras do hotel. A segunda, depois que decidi acabar rapidinho o What is the What, que estava lendo desde o início da viagem, para deixar na livraria.

Sim, eu quis dar um livro à Shakespeare & Company, ao invés de comprar um. Afinal, todo mundo faz isso.

Eu queria explicar meu desejo-literário-invertido no caixa. A Marcela me convenceu a só largar o livro numa estante. Anotei minhas intenções e meu e-mail na folha de rosto e deixei perto da parte de quadrinhos (sim, a Shakespeare & Company tem quadrinhos - inclusive com uma observação na prateleira (do Whitman?) sobre como começou a dar valor a HQs depois de ler Persepolis).

Meio como expiação, comprei um livro (The Book Lover, seleções de literatura pela Ali Smith). O cara do caixa estava ouvindo bossa nova. Seco, olhou para meu cartão de crédito e disse "your card is Brazilian". Respondi "yeah, your music too". Acho que ele não gostou: "yes, I know it is Brazilian". Só complicou mais meu sentimento de incompreensão semiótica-cultural de toda a viagem.

Uma semana depois, recebi e-mail de uma Kristobel Harding, que encontrou o What is the What na livraria e disse que ela e o caixa acharam a brincadeira divertidíssima. Estava em dúvida se, depois de ler, devia deixar o mesmo livro lá ou em alguma outra livraria (ela estava indo para Praga), ou mesmo se podia criar uma corrente deixando outro livro. Até hoje não respondi esse e-mail - acho que ainda estou pensando na resposta certa.

* * *

Falando de e-mails, de livros e da matéria, também lembrei que, ano passado, comprei o livro da Carol Bensimon direto da própria. Já lia-a no kevin arnold para dois fazia uns anos. Falamos por e-mail, fiz o depósito e ela avisou que ia postar o livro logo antes da sua banca de dissertação. Até dei o conselho que a resposta padrão na banca é "concordo com sua observação, professor, mas acredito que isto renderia uma nova pesquisa e foge dos meus objetivos".

E agora lá está ela, em Paris, fazendo doutorado, acabando primeiro romance e escrevendo matérias pra Bravo sobre a Shakespeare & Company. Sei que a gente tem que aceitar essas coisas como normais hoje em dia, mas ainda acho bizarro isso de falar de tão perto, até dando conselhos, com gente que você admira.

Departamento de Aquisições

Damages e os arroz de série

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Damages, segunda temporada, terminou e o final da história parece mais remendado que a cara da Glenn Close. O flash-forward que abria e fechava todos os episódios, só com um vislumbre do que ia acontecer no final, e que era sensacional no clima de suspense e na atuação da Rose Byrne, acabou virando uma pegadinha com a audiência.

Mas, enfim, não quero falar do fim de Damages. Quero falar do Darrell Hammond.

Ele é o cara do Saturday Night Live que fazia o Bill Clinton - e qualquer outro personagem que precisasse falar asneira sem mexer um músculo do rosto. Nessa segunda temporada do Damages, colocaram ele para fazer papel dramático.

Um assassino.

Sim, você fica anos vendo ele fazer piadas, com aquela cara que, quando está séria, você sabe que a piada é boa, e de repente vê a mesma cara no papel de um assassino. Não só um assassino, um psicopata, daqueles que não mexe um músculo do rosto enquanto estrangula mulherzinha indefesa. Meio o Kevin Spacey do Seven.

E agora eu não consigo assistir o Saturday Night Live sem achar que o cara é um maníaco psicopata que está lambendo os beiços pra matar cada ator do esquete.

Outro cara com quem sofro do mesmo problema é o David Costabile. No Damages, ele é um policial corrupto da mesma escola do Hammond: amoral, calculista, sem qualquer abalo pelos tiros que dá ou quem manda matar.

E, no Flight of the Conchords, ele é Doug, o marido-banana da Mel

Esse cara merecia um videozinho revelando que Doug é só a vida paralela do Detetive Rick Messer. Se eu soubesse mexer em algum editor de vídeo, certamente faria.

Na verdade, esse é um problema recorrente das séries de TV. Quase todos os maridos das Desperate Housewives já foram inimigos ou parceiros do Jack Bauer, a Kristin Chenoweth faz o mesmo papel no West Wing e no Pushing Daisies e a Marcela sempre lembra que o Charlie Salinger chorava tanto quanto o Dr. Jack Shephard. Dos atores de The Wire nem dá pra falar, com a dispersão por todos seriados de todas as emissoras em papéis quase idênticos (Fringe, The Office, 90210, o próprio Damages). E quem nunca foi paciente do House?

Bom, o Evan Handler não foi. Mas ele já é:

Marido da Charlotte.

Alucinação do Hurley.

Agente do Hank Moody.

E advogado-de-direitos-humanos-enchendo-o-saco-do-Jack-Bauer.

Além de ter sido roteirista no Studio 60 on the Sunset Strip, chefinho em uma série que nunca vi (Hot Properties) e speechwriter no West Wing e quinhentas outras coisas.

Com tempo e um programa de edição for dummies, eu montaria uma série só para revelar o universo paralelo que absorve os acontecimentos de todas as séries, onde a gente descobre que cada ator faz um único papel: o de coadjuvante de seriado. Um dia.

Departamento de Aquisições

Mudou o sistema das tools do LibraryThing. Não consegui colocar todos os livros.

Enfim: apostando em novos mangás (Homunculus e Nana), tentando seguir coleção de outros (talvez tenha conseguido Dr. Slump do ponto onde a Conrad parou), completando coleção de Love & Rockets e umas outras coisas.

Gurewitch

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Não acho que sejam necessariamente assuntos com os quais tenho afinidade. Acho que o que gosto na PBF [Perry Bible Fellowship] é seu método de comunicação. Desvirtuar os níveis de comunicação, bem no final, ou fazendo com que a tira tenha que ser relida, é algo que me atrai. Geralmente consigo isso garantindo que cada história tenha algum elemento poderoso. Com sexualidade ou violência, não tem erro. Não são coisas que eu aprecie como pessoa - mas são muito úteis quando você quer levar informação até as pessoas.

Nicolas Gurewitch, aqui.

Tenho lido outras entrevistas do cara. Me impressiona essa ética de artista de não ter muita pressa em produzir, de não se importar que o produto dele tá em alta demanda, e querer passar três dias maturando uma técnica de desenho nova para aplicar em apenas uma página.

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