Assisti os dois primeiros melhores filmes de 2004 (é, esse ano foi rápido): 21 Gramas e Encontros e Desencontros (o site do último vale muito a pena).
21 Gramas é o novo de Alejandro Gonzalez Iñarritu, de Amores Brutos. Novamente ele conta várias histórias entrelaçadas, mas dessa vez sem separação e bagunçando a cronologia - e isso é feito perfeitamente bem, no limite certo entre a confusão e sua organização mental dos acontecimentos. O destaque é esta capacidade técnica e estética de Iñarritu - cada cena (e é um filme extremamente recortado) liga-se a outra por algum detalhe como palavras, água correndo ou fumaça, o enquadramento e o timing são poéticos, a música é ótima e os atores são fantásticos. Mas parece faltar uma história melhor. Amores Brutos tinha um sentido - fazer uma metáfora sobre México atual. 21 Gramas - apesar da intenção de ser um filme sobre esperança - não tem muita direção.
Acontece algo parecido com Encontros e Desencontros, que é o primeiro trabalho da Sofia Coppola depois de Virgens Suicidas. Não é tão bom quanto o trabalho anterior, mas ainda é um baita filme. Não é sobre criar atmosferas, como o primeiro, mas sobre relacionamentos. No caso, ela constrói a relação entre os dois personagens - o ator Bob e a filósofa Charlotte - lentamente, calculadamente, passo a passo, e no final do filme você sente que aquilo vai, de alguma forma, explodir. É sincero, é adulto, e não cai em clichês fáceis. Como 21 Gramas, é poético - e talvez tenha algo mais.
(Só pra anotar: também assisti Spun, uma incrível porcaria que me fez pensar que filmes proibidos - não foi liberados para os cinemas - são proibidos para nossa proteção.)
Oi Érico! li a crÃtica do "Encontros e Desencontros" essa semana na Veja. Fiquei com vontade de ver. Tu sabia que ela ganha uma baita grana com uma grife que vende só no Japão?