Tradutores 2

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A Raquel levantou a lebre sobre outro ponto detestável dos tradutores: traduzir nomes. Exemplo: James Potter vira Tiago Potter, em Harry Potter. Me espanta não terem chamado Harry de João Cerâmico.

Costumam justificar a tradução por haver um nome em português que possui o mesmo significado do nome original. O problema é que nomes são desprovidos de significados. Nossa mente separa muito bem nomes próprios dos seus significados reais, exceto em casos extremos e ainda assim só para piadas.

Exemplo: Renato significa "renascido", como aprendi recentemente na novela das oito. Mas se em uma multidão você subir em uma mesa e gritar "Ô, renascido!", nenhum Renato, mesmo se presente, vai atender e vão mandá-lo descer da mesa e parar de gritar, seu bêbado maluco.

Da mesma forma, se você chamar qualquer Renato do seu equivalente em qualquer outra língua, ele não vai atender e ninguém vai saber de quem você está falando. O propósito de um nome não é imbuir significado em algo ou alguém, mas identificar esse algo ou alguém de forma (aproximadamente) única. Se você fosse transportado para o mundo de Harry Potter e pergutasse pelo Tiago, receberia um grande "who?" e talvez fosse transformado em sapo.

Por essas e por outras, sou contra também traduzirem nomes. E preventivamente já sou contra colocarem notas de rodapé nos nomes não traduzidos.

23 Comments

Podia ser pior: Harry Potter podia virar "João Maconheiro".

Isto é um blog politicamente correto, Wagner :)

A tradução de Harry é Henrique. É uma forma de Henry.

Vocês estão perdendo a questão realmente importante aqui: o Ricardo vê novela das oito! E ainda por cima admite!
As coisas que a vida de mestrando desempregado faz com a pessoa...
(E por favor, aumente a largura dessa caixa! Ou a birra é só com o mozilla?)

Ok, confesso, eu assisti uns capítulos da novela das 8. É o fundo do poço, mas eu culpo a Raquel por não ter TV a cabo.

(pronto, Renata, caixas gigantes para comentários)

Nem vem que tu gosta.

Ebaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Que maravilha, adorei as caixas gigantes, obrigaaaaaaaaaaaada! :D

Raquel, a tradução de Harry é Haroldo, já que Harry é curto pra Harold e não Henry.

Bruno: Explica isso pro site de história de nomes [http://www.behindthename.com/] , que diz que Harry é uma forma medieval de Harry e não tem nada a ver com Harold (que, de acordo com eles, tem uma etimologia difernete). De repente manda a tua fonte pra eles corrigirem lá. :)

E Hobbes? Tem alguma coisa a ver com Haroldo?

É bom não generalizar. Suspeito que não há sentido em fazer o James Potter virar Tiago Potter, a não ser o de aproximar a criança brasileira do contexto. Mas há casos em que o nome não tem apenas a função de identificar, mas também carrega um significado concernente à história. Só não sei dar um exemplo agora.

Um exemplo é LOTR. Os nomes dos personagens tem a ver com suas personalidades na história. Strider, por exemplo, virou Passolargo. (Repare que o sentido se mantém, embora soe meio bizarro.) Bilbo e Frodo Baggins tornaram-se Bilbo e Frodo Bolseiro. Pra mim, esse é um dos pouco exemplos de uma tradução bem-feita. Os nomes foram tradizidos apenas para manter o espírito original da história e não foram criados abismos entre o original e a versão em português. Galadriel não virou nada como "Isabel" ou coisa do gênero para "aportuguesar" o nome. Frodo poderia ter virado "João" ou algo assim. Mesmo os nomes dos lugares foram mantidos em seu original, com poucas traduções. A minha crítica vai no mesmo sentido do Ricardo. Não vejo porque traduzir os nomes, por exemplo, em Harry Potter. A lógica de traduzir esses nomes é a mesma de traduzir o local. Então, ao invés da história se passar na Inglaterra, onde os nomes são INGLESES, deviam ter mudado ela pra São Paulo ou Rio, para "contextualizar" as crianças brasileiras. Não vejo sentido algum em traduzir os nomes do livro, e menos ainda quando metade dos nomes são traduzidos ("Tiago" - james, "Lílian" - Lilly, "Albus" - Aldus, "Ron"- Rony - esse é o pior!!!) e a outra metade não ("Harry", "Hermione", "Petunia", "Hagrid" e etc.). Repare que uma boa parte das "traduções" se refere, unicamente, a modificar uma letra, como no caso do Ron virar Rony, que contradiz totalmente a tradução de Lilly. Traduz-se Lilly pq o y não existe em português. Então qual o sentido de traduzir Ron pra Rony?????? (Vamos deixar claro tb que, fora esse problema com os nomes e algumas "escorregadas" em certas partes dos novos livros - talvez pela pressa exigida, eu acho a Lia Wyler, que faz a tradução para português, muito boa.)

Érico, é o velho problema Tostines: deve-se nivelar por baixo por que as pessoas são burras ou as pessoas são burras pq nivelam por baixo?

A nota sobre o Dr. Seuss é em um livro chamado "Como a mente funciona", escrita por um pesquisador do MIT. O público-alvo não é exatamente a massa de pessoas que no máximo lê uma Contigo...

Raquel: de acordo. Sempre que surge a discussão sobre traduções na roda de leitores de quadrinhos, lembram que, lá pela década de 40, "Clark Kent" era "Eduardo Kent" (ou algo assim) e "Smallville" era "Riacho Doce".

(Aliás, traduzir "Smallville" como "Pequenópolis" é um exemplo de tradução de nome próprio que faz sentido.)

Ricardo: acho que não tem dilema Tostines. A pressuposição dos tradutores é de que se deve nivelar por baixo porque os brasileiros são burros, ponto. Tentar "ensinar" as pessoas mantendo as nuances de significado do título original é muito arriscado - as pessoas provavelmente não irão ao cinema porque não querem fazer o esforço de entender o título metafórico ou pouco claro.

E pode fazer uma pesquisa entre os leitores brasileiros do Steven Pinker: quantos conhecem o Dr. Seuss e quantos conhecem o Grinch? Duvido que passe dos 10%.

Ei! Eu e o Bruno conhecemos o Dr. Seuss. O Marco tb, aposto.

Érico: não acho que seja assim que funciona e culpo o governo. Se poucos ou nenhum filme tivesse esses títulos idiotas, as pessoas não deixaria de ir ao cinema. Elas continuariam indo, mas teriam que optar entre os títulos que estão aí, mesmo que "complexos". Isto geraria um desafio e em pouco tempo elas estariam entendendo as nuances.

O problema então é o Dilema do Prisioneiro. Se UM filme tem um título idiota logo de início, esse será mais assitido, gerando uma pressão para que outros filmes tenham títulos idiotas até o ponto que estamos hoje. Para acabar com isso, só com intervenção do Ministério da Cultura, pois o mercado certamente vai se nivelar por baixo. Mas puxando pra cima os título creio que se puxaria também a cultura geral (no que diz respeito a títulos, claro).

(Renata: observe que as caixas maiores para comentários resultaram em comentários maiores que o post)

Eu sou contra qualquer tipo de tradução, quer ver o filme? aprenda a lingua, quer ler o livro, idem.
Não gostou da ideia? então nem devia ler o livro, ou ver filmes, afinal, todos são tão carregados de sutilezas e características da cultura do idioma que se vc não gostou disso, também não deveria gostar do livro, filme, etc

James é um nome Bíblico, correspondente ao Apóstolo Tiago, em português.
Não se trata de uma tradução sem sentido, só que alguns nomes têm correspondentes em outras línguas.
Tanto que a maioria dos nomes não é traduzida.

Bidu!!!! A tradução de James É Tiago!!!!! Não há outra. só pra deixar beeeeeem claro: James em inglês traduz-se para Tiago em português!

Então quer dizer que quando um James vier ao Brasil, devemos chamá-lo de Tiago? Ele vai atender? Traduzir nomes é simplesmente errado.

"Eu sou contra qualquer tipo de tradução, quer ver o filme? aprenda a lingua, quer ler o livro, idem."

Bom, "pi", entao voce deveria aprender grego para ler a Biblia (grego antigo ainda por cima, lingua morta!) e aprender russo para ler Dostoyevsky (eh, pi, nem soh de ingles vive o mundo!). Nao esqueca de estudar portugues antigo para ler Camoes, pois duvido que voce o entenda lendo uma edicao arcaica. Reza um velho ditado: "antes de falar besteira, fique calado".

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This page contains a single entry by ricardo published on janeiro 9, 2005 9:07 AM.

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